A advogada e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carol Proner avalia que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve se manifestar sobre as informações privilegiadas antecipadas pela Polícia Federal a Flávio Bolsonaro.
Às vésperas das eleições de 2018, a Polícia Federal conduziu investigações que envolviam Fabrício Queiroz, assessor do então deputado estadual pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro.
A informação sigilosa teria sido repassada ao filho do presidente por um delegado da PF apoiador da candidatura de Jair Bolsonaro, conforme afirmou o empresário Paulo Marinho ao jornal Folha de S.Paulo deste domingo (17).
Segundo Marinho, além de anteciparem informações sigilosas ao então deputado estadual, os policiais teriam segurado a operação, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, prejudicando assim a candidatura de Bolsonaro.
Em entrevista aos jornalistas Talita Galli e Cosmo Silva, para o programa Brasil TVT, na noite de domingo (17), a advogada afirmou que os detalhes apresentados pelo entrevistado abrem uma nova frente de investigações.
“Informações da Policia Federal antecipadas e o retardamento da operação para blindar Bolsonaro nas eleições. Isso fica muito evidente na fala do empresário. E isso é possível verificar: a execução das medidas pela Polícia Federal, a data dos requerimentos das cautelares, do deferimento judicial. E como também quem atuou no vazamento da operação, o delegado que estava lá no dia. Isso tudo pode ser investigado”, disse Carol Proner.
Segundo ela, é obrigação da Corregedoria da Polícia Federal e do Ministério Público Federal investigar todo o conteúdo das informações do empresário.
Uma outra frente, promissora segundo ela, é o Supremo Tribunal Federal (STF), onde há um inquérito investigando fatos relacionados ao interesse de Jair Bolsonaro em indicar um nome de sua confiança para dirigir a Polícia Federal no Rio de Janeiro.
“Esse inquérito, que já está aberto, poderia então receber informações a partir dessa denúncia de Paulo marinho? Para tentar garantir isso, onze deputados federais entraram hoje mesmo com uma representação no STF, para que o senador Flávio e seu suplente, o empresário Paulo Marinho, autor das denuncias, sejam ouvidos nesse inquérito”.
Carol lembrou ainda que há no TSE duas ações que pedem a cassação da chapa de Bolsonaro / Hamilton Mourão por razões diversas, com pedido de vistas pelo ministro Luiz Fachin. “E se comprovadas essas ligações, sim, poderia se configurar fraude eleitoral nas eleição de 2018”.