Na manhã desta sexta-feira (15), uma operação realizada por policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e pela Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) da Polícia Civil no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, resultou na morte de 13 pessoas.
De acordo com a Secretaria de Estado de Polícia Militar, a ação teve por objetivo checar denúncias sobre o paradeiro de um criminoso apontado como liderança do tráfico de drogas local e verificar informações sobre a localização de uma casa usada como esconderijo de fuzis na comunidade.
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A operação começou por volta das 6h da manhã. Moradores relataram tiroteios e violação de direitos por parte dos agentes de segurança durante a incursão. Renato Moura, chefe de redação do portal Voz das Comunidades, relatou ao Brasil de Fato que o WhatsApp do veículo de notícias recebeu uma série de vídeos de moradores com denúncias de agressão.
“Nas grandes operações aqui no Alemão, infelizmente, sempre há essa violação da polícia e hoje a gente recebeu vários relatos de policiais agredindo moradores, invadindo casas. Recebemos tudo isso pelo WhatsApp do ‘Voz’ [Voz das Comunidades]. A gente recebeu um vídeo em que apontava que uma pessoa teria sido esfaqueada por policiais do BOPE”, contou o jornalista.
Após o término da operação, os moradores começaram a recolher os corpos que ficaram na comunidade e os levaram para a parte baixa do Alemão, na altura do loteamento na Avenida Itaóca. Moura informou que foram encontrados seis corpos na comunidade. Em um vídeo disponível na página do Voz das Comunidades no Facebook e no Instagram (abaixo) é possível ver o desespero de parentes das vítimas e seis corpos cobertos com panos.
“Os moradores perceberam que a polícia saiu e que não ia voltar e eles mesmos tiveram que se mobilizar, arrumar um carro e colocar os corpos dentro de um carro particular e os trouxeram pra a parte tranquila da favela onde o rabecão consegue tirar os cadáveres”, relatou Moura.
Posicionamento
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que “durante a movimentação dos policiais pelas comunidades Nova Brasília e Fazendinha, criminosos armados atiraram e lançaram diversas granadas contra as equipes do BOPE em diferentes pontos da comunidade. Houve reação aos ataques feitos pelos criminosos nestes locais e ocorreram múltiplos confrontos, o que dificultou o vasculhamento em algumas áreas".
A assessoria de imprensa disse ao Brasil de Fato que o socorro dos cinco feridos foi feito ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, porém eles não resistiram e vieram a óbito. Segundo a nota, um deles foi reconhecido como "chefe do tráfico do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul da cidade do Rio”.
O órgão informou que na ação, um policial militar ficou ferido e foi socorrido ao Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) e apresenta quadro estado estável. Na ação, oito fuzis foram apreendidos e houve a apreensão de 85 granadas e entorpecentes. A assessoria não se posicionou sobre as denúncias de violação de direito ocorridas na operação.
Em nota, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania e do Observatório da Segurança RJ se manifestou contra operação policial. "É um momento chocante da história da Segurança Pública no Rio de Janeiro. Políticas baseadas no confronto armado e não em inteligência e prevenção estão destinadas ao fracasso. Os grupos armados locais não se enfraquecem e a polícia se brutaliza. Em meio a uma pandemia, quando o Estado deveria estar concentrado em salvar vidas, as políticas de segurança não podem ser responsáveis por gerar mais mortes", disse a organização.
*Reportagem atualizada às 18h20, do dia 19/05/2020.
Edição: Mariana Pitasse