Neste mês de maio, o Brasil de Fato RJ completou sete anos. Desde 2013, o jornal impresso circula pelas ruas do Rio de Janeiro e região metropolitana trazendo uma visão popular do Brasil e do mundo aos cariocas e aos fluminenses. Lançado em 1º de maio, Dia do Trabalhador, o Brasil de Fato RJ passou todos esses anos sendo distribuído semanalmente, de forma gratuita, em locais de alta circulação na capital e cidades vizinhas. 

Durante a pandemia do novo coronavírus, a sua distribuição nas estações de trem e metrô da Central do Brasil, Pavuna e Coelho Neto na cidade do Rio de Janeiro, além das estação das barcas, em Niterói, foi paralisada. No entanto, a produção de notícias segue a todo vapor neste portal online, com reportagens diárias em texto e áudio, além do podcast semanal Repórter SUS, feito em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), que apresenta os principais debates e informações sobre a saúde pública no país. 

Ao longo dos anos, o Brasil de Fato RJ assumiu diferentes formatos que ultrapassaram as páginas do jornal impresso. Em 2017, passou a ocupar também as ondas do rádio com o Programa Brasil de Fato RJ, veiculado até 2019 na rádio Bandeirantes AM. Em 2018, assim como outras sucursais do sistema Brasil de Fato, ganhou este espaço reservado no site para agrupar as notícias regionais do Rio de Janeiro. 

O projeto do Brasil de Fato RJ foi o primeiro dos jornais tabloides estaduais, lançado após 10 anos de circulação nacional do jornal Brasil de Fato. Com a mudança, abriu o leque de cobertura e se aproximou dos leitores: passando a incorporar à discussão política temas do cotidiano, de esporte, de lazer e até receitas. 

Para relembrar esses sete anos de trajetória, a redação do Brasil de Fato RJ separou sete capas das 345 edições que foram distribuídas no Rio de Janeiro. Mais do que uma seleção das primeiras páginas, a lista reflete um mergulho no panorama político dos últimos anos, sob o olhar dos movimentos sociais e jornalistas que constroem o Brasil de Fato RJ. 

Confira a lista a seguir:

Ano 1 (2013) - Edição 08

A capa da edição 08 tem como manchete “Pressão popular faz tarifa baixar”. Ela foi publicada em junho de 2013, no auge das manifestações que se espalharam por todo o país. A reportagem trata com entusiasmo os protestos que fizeram a tarifa dos transportes públicos baixarem 20 centavos e relembra a passeata que reuniu 100 mil pessoas na capital fluminense dias antes da publicação.
Uma curiosidade é que a capa é assinalada como ano 11, ao invés de ano 1, em referência ao jornal Brasil de Fato que tinha circulação nacional.

Ano 2 (2014) - Edição 79

 

Quem ainda se recorda que uma das principais discussões em pauta no ano de 2014 foi a divulgação dos relatórios produzidos pela Comissão Nacional da Verdade (CNV)? Segundo a reportagem de capa da edição 79 do Brasil de Fato RJ, o resultado foi encarado com muita resistência pelos militares e com protestos por parte da esquerda por não ter caráter punitivo. Através desses relatórios, o Estado brasileiro e as Forças Armadas foram apontados oficialmente como culpados por crimes de tortura, sequestro, assassinatos, ocultação de cadáveres e muitos outros. Hoje, está em exercício um presidente que, por vezes, questiona a veracidade dos crimes comprovados pela CNV e, por vezes, declara apoio à torturadores confessos do regime militar. 

Ano 3 (2015) - Edição 127

Eduardo Cunha (MDB), que sumiu dos holofotes após protagonizar o golpe de 2016, contra a presidente Dilma Rousseff (veja a seguir), era destaque de diversas edições do Brasil de Fato RJ. Nesta capa, a manchete trata sobre suas contas ilegais confirmadas na Suíça. Em 2015, o ex-presidente da Câmara Federal era investigado da operação Lava Jato e negava todas as acusações. Hoje, Cunha está em prisão domiciliar por conta da pandemia do novo coronavírus. Ele estava em prisão preventiva desde 2016, condenado a 14 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. 

Ano 4 (2016) - Edição 204

 

Na edição 204, o Brasil de Fato RJ trocou a tradicional cor vermelha por preto. A capa teve tom fúnebre para noticiar a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff (PT) no Senado e a concretização do golpe de estado. Anos depois, Dilma foi inocentada de todas as acusações e Michel Temer (MDB), seu sucessor, confirmou em entrevista que foi articulado um golpe contra a, então, presidenta. Em 2017, quando se completou um ano de impeachment, em um evento na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, Dilma recebeu esta capa emoldurada e agradeceu ao Brasil de Fato pela cobertura jornalística do episódio. 

Ano 5 (2017) - Edição 232

Em 2017, o estado Rio de Janeiro estava afundado em crise fiscal que parece tomar contornos novamente neste ano. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) era um reflexo da crise, sentindo duramente a falta de repasses do governo estadual, que impactava nos salários dos servidores, repasses a terceirizados e bolsas estudantis. A edição 232 do Brasil de Fato RJ também destaca o caso Rafael Braga, único condenado no contexto dos protestos de junho de 2013, mesmo sem ter participado de nenhuma manifestação. O catador de papelão, que contraiu tuberculose na penitenciária em que esteve preso, foi condenado inicialmente a 11 anos de reclusão, com pena reduzida para seis anos. 

Ano 6 (2018) - Edição 251

Dois anos depois, o Brasil de Fato RJ volta a ser impresso em preto para estampar a manchete de condenação do ex-presidente Lula. Depois da decisão, o ex-presidente ficou detido injustamente por 580 dias, entre 2018 e 2019, em Curitiba (PR) e, enquadrado pela Lei da Ficha Limpa, também acabou sendo impossibilitado de disputar as últimas eleições presidenciais de 2018. Lula apenas deixou o cárcere em novembro do ano passado, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) barrar a execução da pena antes do chamado trânsito em julgado – ou seja, a prisão após condenação em segunda instância.

Ano 7 (2019) - Edição 302

A edição 302 do Brasil de Fato RJ é toda dedicada a reportagens sobre o primeiro ano do crime que tirou a vida da ex-vereadora Marielle Franco (Psol) e seu motorista Anderson Gomes no Rio de Janeiro. Embora os executores do crime estejam presos, até hoje não se sabe quem foi o mandante. O crime tomou proporções internacionais e, recentemente, virou até tema de reclamação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que declarou que “a Polícia Federal se importa mais com o crime contra a ex-vereadora do que com a facada que recebeu”.

Edição: Eduardo Miranda e Jaqueline Deister