O delegado Alexandre Ramagem confirmou, em depoimento à Polícia Federal em Brasília, na segunda-feira (11), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manifestou interesse em mudar a chefia da PF no Rio de Janeiro.
Ramagem foi nomeado por Bolsonaro para assumir a diretoria-geral da PF em 28 de abril, mas teve que deixar o cargo por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), após o ministro Alexandre de Morais ver indício de desvio de finalidade na escolha presidencial.
“Perguntado se o depoente tinha conhecimento do interesse do presidente da República em substituir o superintendente Carlos Henrique, respondeu que tinha ciência da preocupação do presidente com a produtividade operacional, não apenas do Rio de Janeiro, mas também das outras superintendências; que não tem ciência de qualquer pedido de troca ou sugestões de nomes para a troca do superintendente Carlos Henrique por parte do Presidente da República”, diz um trecho do depoimento.
O delegado negou ter conhecimento sobre a intenção do presidente de interferir em investigações ligadas a ele ou aos filhos dele, Eduardo e Carlos.
A versão condiz com o vídeo de uma reunião ministerial apresentado nesta terça-feira (12) à Polícia Federal, em Brasília. O ex-ministro Sergio Moro e representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) acompanharam a exibição.
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Na ocasião, Bolsonaro justificou que a mudança na PF do Rio era para proteger sua família de perseguição, segundo o jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com relatos de pessoas que acompanharam a fala, o presidente afirmou que trocaria todo o comando da área de segurança, inclusive o ministro Sergio Moro, para que seus familiares não fossem “prejudicados”. Ainda conforme o jornal, o presidente disse aos presentes que não poderia ser surpreendido pela Polícia Federal.
O vídeo da reunião ainda está sob sigilo. A defesa de Moro, no entanto, pede que o conteúdo seja disponibilizado publicamente por “interesse público”.
“É de extrema relevância e interesse público que a íntegra desse vídeo venha à tona. Ela não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional”, argumentou o advogado de Moro, Rodrigo Sanchez Rios, em nota.
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Edição: Rodrigo Chagas