Rio de Janeiro

Mais mortes

Rio de Janeiro ultrapassa São Paulo em número de mortes em 24 horas

Estado do RJ teve 189 óbitos em um dia; governador Wilson Witzel enviou estudo de "lockdown" ao Ministério Público

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Relógio com dado sobre covid
Relógios digitais em alguns pontos da capital fluminense passaram a registrar taxa de isolamento da população nos bairros - Tomaz Silva/Agência Brasil

O estado do Rio de Janeiro registrou 189 mortes em decorrência da covid-19 em 24 horas, segundo boletim atualizado do governo do estado e divulgado nesta sexta-feira (8). Com os números, o estado ultrapassou pela primeira vez o número de mortes em São Paulo, que teve 161 óbitos provocados pelo coronavírus no mesmo período.

Até agora, o Rio de Janeiro tem 14.156 casos confirmados da covid-19 e soma 1.394 mortes pela doença desde o início da pandemia, sendo 919 óbitos na capital fluminense. O município de Duque de Caxias é o segundo com mais vítimas, com 93 mortes e Nova Iguaçu vem logo em seguida, com 56 mortes. A Baixada Fluminense é considerada uma das áreas mais vulneráveis à pandemia.

Já em São Paulo, estado mais afetado desde o início da pandemia, são 39.928 casos e 3.206 mortes, segundo a secretaria estadual. Até a última quinta-feira (7), o Ministério da Saúde registrou 135.106 casos da covid-19, com 9.146 mortes. No mundo, a Organização Mundial de Saúde registra 3,85 milhões de casos e 270 mil óbitos, com Estados Unidos, Espanha e Itália entre os países mais afetados.

"Lockdown"

Em documento enviado ontem ao Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ), o governador Wilson Witzel (PSC) admitiu que o aumento no número de casos graves "está caminhando para o consequente colapso do sistema de saúde" e que a pandemia do coronavírus "ainda não atingiu seu auge" no estado. No documento, o governo do estado ressalta que "os esforços empreendidos para ampliar a rede de serviços de saúde têm sido insuficientes".

O ofício é parte de um estudo enviado ao MP-RJ para que seja elaborada uma proposta a fim de decretar o isolamento total ("lockdown") da população. As exceções seriam para as atividades de segurança, manutenção da vida e da saúde, compras de produtos alimentícios e serviços essenciais de entrega em domicílio.

Fiocruz

No ofício, o governo informa que recebeu relatório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o avanço da pandemia e destaca que está “perfeitamente alinhado” com a entidade de saúde. A Fiocruz destaca que “a não adoção de medidas imediatas de lockdown pode levar a um período prolongado de escassez de leitos e insumos, com sofrimento e morte para milhares de cidadãos e famílias do estado”.

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A instituição informou que a doença está se expandindo para o interior, o que justifica a adoção do isolamento total. “Caso não sejam tomadas medidas mais rígidas de distanciamento social no Rio de Janeiro, especialistas projetam um agravamento da situação epidemiológica e de insuficiência de leitos no mês de maio de 2020, que pode se prolongar e levar a um número expressivo de mortes que poderiam ser evitadas”, afirma a Fiocruz.

Países como China, Itália, Espanha, França e Alemanha tomaram medidas mais rígidas de confinamento e contribuíram para desacelerar o crescimento da curva de casos de covid-19, argumentam autoridades da Fiocruz, acrescentando que esses países vêm conseguindo “manter a demanda dos serviços hospitalares e de cuidados intensivos compatíveis com a oferta”.

Em contrapartida, a adoção tardia do isolamento total, como ocorreu no Reino Unido, “resultaria em uma catástrofe humana de proporções inimagináveis para um país com a dimensão do Brasil”, segundo a Fiocruz.

Edição: Eduardo Miranda