Rio de Janeiro

Incerteza

Chamada de "ex-atriz" pela Globo, Regina Duarte desconfia que pode ser dispensada

Nomeação sem consulta na Funarte e ataques de bolsonaristas enfraquecem a figura pública da secretária de Cultura

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Regina Duarte e Bolsonaro
Regina Duarte e Bolsonaro, durante cerimônia de nomeação para a Secretaria, no início de março - Antônio Cruz/Agência Brasil

A atual secretária de Cultura, Regina Duarte, virou um dos assuntos mais comentados em Brasília e entre a classe artística, na última terça-feira (5), depois que o governo federal decidiu nomear o maestro Dante Mantovani para a presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte), vinculada à Secretaria. Mantovani já havia estado no comando da Funarte, mas foi exonerado. Em sua primeira gestão, associou o estilo musical rock ao satanismo. 

Ao saber da decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de renomear Mantovani sem consultar a Secretaria de Cultura, Regina comentou com amigos mais próximos que não entendeu a ação do governo. A revista Crusoé publicou na internet um áudio de uma conversa entre a secretária e uma de suas assessoras. Nele, Regina afirma: "Que loucura isso, que loucura. Eu acho que ele [Bolsonaro] está me dispensando".

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Aos 73 anos e com mais de 50 anos de carreira em novelas da TV Globo, Regina foi alfinetada na edição do Jornal Nacional ao ser chamada de "ex-atriz" pela repórter Delis Ortiz. "Regina vem sofrendo ataques da ala ideológica do governo. O próprio Bolsonaro passou a reclamar dela ao ser perguntado se a ex-atriz sairia do governo", disse Ortiz na reportagem.

Diante da repercussão, horas depois Bolsonaro cancelou a nomeação de Mantovani, que deixou a Funarte na mesma época em que Regina assumiu o comando da Secretaria, criada para substituir o extinto Ministério da Cultura. Nesta quarta-feira (6), Regina se reuniu em almoço com Bolsonaro, mas a Secretaria não informou qual seria o teor da conversa e a titular da pasta não falou com jornalistas. 

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Desde que assumiu em março o cargo no governo federal, Regina vem sendo criticada pela classe artística por se ausentar do debate em momentos importantes, como na reivindicação da categoria por apoio financeiro para enfrentar a pandemia da covid-19 ou pela falta de comunicados e condolências da Secretaria na morte de figuras importantes da cultura brasileira, como os músicos Moraes Moreira e Aldir Blanc e o escritor Rubem Fonseca.

Edição: Mariana Pitasse