Rede hospitalar

Com 89% das UTIs ocupadas, Grande São Paulo vai transferir casos para o interior

Número de casos cresceu 10% nas últimas 24 horas. Estado tem 28.698 casos confirmados e 2.375 mortos

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Quase metade dos municípios do estado já registrou casos de covid-19 - AFP

A região metropolitana da capital paulista está com 89% das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ocupadas nos hospitais públicos, segundo dados do Comitê de Contingência do Coronavírus de São Paulo. Por essa razão, novos pacientes que necessitarem de internação em UTI passarão a ser transferidos para hospitais no interior, onde a ocupação está em 69%.

Ao todo, o estado tem 1.744 leitos de Terapia Intensiva ocupados. “Essa medida é necessária e será aplicada a partir deste final de semana. Esperamos ampliar os leitos de UTI na grande São Paulo em breve e esses pacientes poderão retornar”, disse o secretário da Saúde, José Henrique Germann.

Já no caso das enfermarias, a situação é um pouco menos grave. Em todo o estado, 48% dos leitos desse tipo estão ocupados. Na grande São Paulo o percentual chega a 73%. São 2.138 pacientes internados em enfermarias. O governo paulista espera abrir 100 novos leitos de UTI no Hospital das Clínicas, até 15 de maio, e a habilitação de 2.738 leitos desse tipo, para aliviar a pressão das UTIs ocupadas. Para isso, depende do envio de 100 novos respiradores pelo governo federal e da confirmação da habilitação pelo Ministério da Saúde, com repasse de R$ 292 milhões para a saúde.

Segundo Germann, São Paulo registrou 2.540 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, chegando a 28.698, crescimento de 10%. Foram registradas 128 mortes nas últimas 24 horas, chegando a 2.375 – aumento de 6%. A adesão ao isolamento social se manteve em 47%, abaixo dos 60% considerados o mínimo necessário para evitar o colapso no sistema de saúde. O Brasil tem, ao todo, quase 80 mil casos confirmados e pelo menos 5.466 mortes.

Na capital paulista, a covid-19 tem crescido mais na periferia. Em uma semana, o número de casos confirmados de covid-19 explodiu na periferia de São Paulo. Dos dias 17 a 24, os 20 distritos mais pobres da capital paulista tiveram aumento de 47,3% no número de casos, de 1.356 para 1.998. Nos 20 distritos considerados mais ricos, o aumento foi de 20,4%, de 2.610 para 3.142, no mesmo período. Além destes, há 2.903 casos suspeitos nos bairros mais pobres e 2.010 nos mais ricos.

Avanço ao interior

O problema de levar pacientes para o interior por falta de UTI é contribuir para o avanço da pandemia de covid-19. O próprio Comitê de Contingência alertou ontem (29) que cidades consideradas polos regionais, como Campinas, Bauru e São José do Rio Preto, apresentam cinco vezes mais chances de disseminação do vírus do que outras cidades menores, com baixa densidade populacional e menor conectividade com municípios de sua região.

Quase metade dos municípios do estado já registrou casos de covid-19. Das 645 cidades, 305 tiveram pelo menos um caso da doença. Além disso, 728 mortos residiam fora da capital, em cidades do interior, litoral e Grande São Paulo. São 141 municípios com pelo menos uma morte. O problemas das UTI ocupadas na Grande São Paulo pode piorar essa situação.

Testagem

O governo paulista também anunciou que vai iniciar uma ampla campanha de testagem rápida para covid-19 na população, a partir de 15 de maio. Segundo Germann, serão aplicados 1 milhão de testes em pessoas que tiveram contato com pacientes positivos para covid-19, mas que permaneceram assintomáticas por mais de 14 dias.

Também vão poder participar os profissionais da saúde e da segurança pública, população privada de liberdade, doadores de sangue e pessoas que vivem em asilos, casas de repouso, orfanatos, comunidades terapêuticas e os adolescentes detidos na Fundação Casa.