Para manter uma alimentação adequada e saudável, baseada em dieta ou não, a organização prévia sempre foi um fator essencial para cumprir esse objetivo. Planejar a lista de ingredientes e produtos e programar o dia de compra na feira, no mercado e os dias de cozinhar garantem refeições mais saudáveis, mais baratas e menos desperdício de alimentos.
Sabe-se que, mundialmente, 30% dos alimentos produzidos por ano para o consumo humano, o equivalente a 1,3 bilhões de toneladas, não são aproveitados. Esse é um dado do relatório The State of Food and Agriculture 2019 - Moving forward on food loss and waste reduction da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que calcula que essa quantidade de perda e desperdício de alimentos seria o suficiente para alimentar dois bilhões de pessoas.
Existe uma diferença entre perda e desperdício.
Perda de alimentos se refere às fases de produção, pós-colheita, armazenamento e transporte e, segundo a FAO, corresponde a 54% do total de alimentos não consumidos. Já o desperdício corresponde a 46% dos alimentos que vão para o lixo e está associado ao descarte de partes de alimentos próprios para consumo, em grandes ou pequeno varejos, estabelecimentos de venda de alimentos e também na casa dos próprios consumidores.
Reduzir consideravelmente a quantidade de alimentos perdidos ou descartados é fundamental para que o sistema alimentar permaneça funcionando de forma relativamente segura. Em ambos os casos é possível observar o impacto na segurança alimentar ao tornar a cadeia alimentar menos sustentável, diminuir a renda dos agricultores e aumentar o preço para o consumidor. A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é o direito de toda a população a uma alimentação de qualidade, regular e permanente. Está embasada em práticas alimentares de promoção da saúde, que respeitam a diversidade cultural e prezam pela sustentabilidade ambiental, econômica e social.
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A Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Agenda 2030, como um plano de ação para todas as pessoas e governos, na qual estão descritos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que prezam, dentre outras questões, por uma vida saudável e promoção do bem-estar de todos e pela garantia de padrões de produção e consumo sustentáveis.
Nós, consumidores, somos a pequena ponta do problema, mas também devemos nos responsabilizar pelo cenário atual de desperdício e fome. Sendo assim e pensando na necessidade vigente do isolamento social, que tal aproveitar para manter seu estômago cheio, sua cabeça criativa e seu lixo sem alimentos?
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A cozinha é um espaço de infinitas possibilidades e poucos ingredientes, ou sobras das refeições passadas, podem virar um novo banquete. Para te estimular a esse novo hábito, trago uma nova receita para você limpar a geladeira.
O Pajeon é uma receita tradicional da Coreia e dizem estar associada aos dias chuvosos já que se utiliza os ingredientes que tiver em casa, além da grande quantidade de cebolinha, alimento rico em vitamina C, ideal para prevenir gripes e resfriados. Abaixo está a receita adaptada, pensando na melhor disponibilidade de nutrientes.
PAJEON
Ingredientes:
1 xícara de farinha de trigo (ou 1 xícara de farinha de grão de bico)
1 xícara de água
1 colher rasa (sopa) de farinha de linhaça + 3 colheres (sopa) de água (ou 1 ovo)
1/2 colher de chá de sal
1/3 de uma cebola, fatiada
80g de cebolinhas cortadas em pedaços de uns 5 cm
1 pedaço de uns 2 cm de uma pimenta vermelha fresca (opcional)
1/3 de um pimentão vermelho cortado em fatias finas
Azeite para untar a frigideira
(OBS: além destes ingredientes descritos, lembre-se que você pode incluir o que tiver na sua geladeira (cenoura, vagem, abobrinha, etc.), mas tente manter a proporção entre massa e vegetais)
Modo de fazer:
Misture a farinha de linhaça com as 3 colheres de sopa de água, até ficar com uma consistência viscosa; corte os vegetais em pedaços grandes – a idéia é formar uma teia para usar pouca massa, apenas para juntar os vegetais; em uma tigela, misture bem a farinha escolhida, sal, linhaça hidratada (ou ovo) e água, usando um batedor de arame (fouet) ou um garfo; a consistência da massa fica mais mole do que a panqueca, porém mais grossa do que massa de crepe; junte os vegetais e misture.
Aqueça bem a frigideira ou utilize uma 1 colher (sobremesa) de azeite para a massa não grudar. Coloque porções de massa incorporada com os vegetais, usando uma concha, para fazer as panquecas em porções individuais. Outra alternativa seria espalhar massa pelo fundo todo da frigideira e fazer panquecas grandes.
Frite por alguns minutos em fogo médio até corar por baixo. Vire com uma espátula e deixe corar do outro lado.
Sirva com molho à parte.
Rendimento: 3 pequenas ou 1 grande
MOLHO
Ingredientes:
2 colher de sopa de molho de soja (shoyo)
2 colher de sopa de água (ou mais se o molho de soja for muito salgado)
Pimenta vermelha em flocos ou fresca à gosto (opcional)
1 dente de alho amassado ou ralado
1 colher de chá de açúcar
1 colher de chá de óleo de gergelim
1 colher de chá de semente de gergelim
1/2 colher de sopa de cebolinha verde picadinha
Modo de fazer:
Misture tudo em uma tigelinha.
(OBS: esse é o molho tradicional, mas você pode retirar o shoyo devido ao alto teor de sódio e o óleo de gergelim, por não ser um ingrediente de fácil acesso. Nesse caso, utilize apenas o azeite com os temperos indicados. Continuará delicioso!)
*Raíssa Fato é nutricionista especializada em alimentação natural.
Edição: Mariana Pitasse