A Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR) lança nesta-quarta-feira (22) o boletim Covid-19 e as Milícias na Baixada Fluminense. De acordo com o coordenador executivo da IDMJR, Fransérgio Goulart, há uma relação direta entre o aumento dos casos de coronavírus na Baixada Fluminense e a atuação das milícias.
“Além do sucateamento do SUS, os números de covid-19 na baixada fluminense têm sido um dos mais elevados. Levantamos a hipótese de que a pressão das milícias para fazer com que as pessoas voltem ao trabalho tem impactado [nos números], junto com o discurso da fé dos neopentecostais. Tentamos trazer, a partir de dados, essa hipótese. Os números de covid-19 têm se ampliado e acreditamos que tem relação direta com a presença das milícias e a política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro e no Brasil”, destaca Goulart.
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O documento aponta que desde o início do isolamento social decretado pelo governo do estado do Rio, em 16 de março, ocorreram 58 operações policiais na região da Baixada Fluminense, totalizando cinco mortos e 15 feridos. Segundo o levantamento, que tomou como base os dados coletados nas redes sociais da Polícia Militar, a cidade de Belford Roxo foi a que contabilizou o maior número de operações, com 18 registros, seguida por Duque de Caxias, com 14 registros, e Nova Iguaçu, com oito registros. O boletim aponta ainda que as operações policiais acontecem, principalmente, em territórios dominados pela facção de tráfico rival às milícias da baixada fluminense.
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De acordo com a Secretaria de Estado e de Saúde do Rio de Janeiro, até à tarde desta quarta-feira (22), a região concentrava 752 casos confirmados de covid-19. Os municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, lideram a lista com respectivamente 205 e 196 pessoas infectadas pelo coronavírus.
O relatório Covid-19 e as Milícias na Baixada Fluminense está disponível no site da instituição. A IDMJR é uma organização que atua com ações de enfrentamento à violência de estado e construção de políticas de segurança pública pautadas na vida e na garantia do direito à memória para vítimas e familiares da violência.
Edição: Mariana Pitasse