O fundador da WikiLeaks, Julian Assange, teve dois filhos com uma advogada durante seu confinamento na embaixada do Equador em Londres. Os dois se conheceram quando ela o ajudava na sua luta contra a extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de espionagem pela divulgação de documentos internos do governo norte-americano. Se condenado, Assange pode pegar até 175 anos de cadeia.
Stella Morris, uma jurista sul-africana de 37 anos, iniciou um relacionamento amoroso com o jornalista australiano há cinco anos. Na época, ela era membro de sua equipe jurídica, e seu cliente já se encontrava em “asilo político” há mais de dois anos. Em abril do ano passado, autoridades britânicas removeram Assange à força da embaixada equatoriana, carregado por policiais.
Atualmente, o ativista se encontra na prisão de segurança máxima de Belmarsh, no sudeste da capital inglesa, onde aguarda os desdobramentos de seu processo de extradição.
Preocupada com a saúde de Assange, especialmente no contexto da pandemia do coronavírus — um prisioneiro em Belmarsh recentemente morreu de covid-19 —, Morris decidiu tornar seu relacionamento público, na esperança de que as cortes decidam que Assange pode permanecer no Reino Unido, onde seus dois filhos, Gabriel e Max, nasceram.
Em uma entrevista ao jornal The Daily Mail, a advogada também afirma que o chefe da WikiLeaks, além de já estar com problemas de saúde relacionados aos anos de confinamento, sofre de uma doença pulmonar crônica. “A saúde do Julian é frágil e o coloca em sérios riscos. Como muitos outros nos grupos mais vulneráveis, eu não acredito que ele sobreviveria a uma infecção por coronavírus”, disse Stella Morris ao veículo.
O governo britânico planeja soltar milhares de presos considerados como pertencentes ao grupo de alto risco. Em tese, Julian Assange deveria ser temporariamente liberado, por se encaixar no perfil. Muitos duvidam que isso aconteça, devido ao caráter altamente político do caso.
Stella Morris demonstra preocupação não somente com a saúde física de Assange. “Ele efetivamente está em confinamento solitário, dentro de uma cela até 23 horas por dia, sem poder nos ver, sua família, ou mesmo ter acesso ao tratamento psicológico de que precisa”, relatou ela. “Mentalmente, eu também não acredito que ele consiga sobreviver muito mais tempo nesse isolamento forçado”, acrescentou.
Emocionada durante a entrevista, a sul-africana declarou: “Eu amo muito o Julian e não vejo a hora de casar com ele... Mas dessa vez é diferente, eu temo que nunca mais o veja vivo, eu tenho que me manifestar agora porque vejo que sua vida está à beira do precipício”, lamentou.
Filhos
Os filhos do casal — Gabriel, de 2 anos; e Max, de um ano — nasceram enquanto Assange ainda se encontrava asilado na embaixada equatoriana. Ele assistiu aos partos ao vivo por meio de imagens capturadas por uma câmera GoPro. “Nossos meninos são crianças felizes e adoram ver o rosto e ouvir a voz do seu pai”, conta Morris.
Julian e Stella tiveram que esconder seus filhos e seu relacionamento durante os últimos anos, até mesmo de seus anfitriões no corpo consular equatoriano, por medo de que as crianças fossem utilizadas em “manobras jurídicas” contra o australiano e potencialmente, contra a própria mãe. O par pretende casar atrás das grades se Assange não for solto.
Apesar das imensas dificuldades no seu relacionamento e das incertezas sobre o futuro de sua família, a advogada sul-africana permanece esperançosa quanto aos atuais desafios. Morris diz não se arrepender e afirma acreditar que, como muitas coisas do legado de Julian Assange, “se apaixonar, ficar noivos, ter filhos naquela embaixada” foram “atos de rebeldia”.
*Com informações do The Daily Mail.
Edição: Ítalo Piva