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Solidariedade se faz com o povo

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mst solidariedade maranhão
É necessário irmos além do que já estamos habituados, exercitando a nossa criatividade de maneira organizada e responsável, para que possamos passar por esse período - MST/Maranhão
A resposta mais rápida é a solidariedade, que já está presente no dia a dia do povo em sua luta

É tempo de fatos, não medo.
É tempo de ciência, não rumores.
É tempo de solidariedade, não estigmas.

Ghebreyesus

A pandemia global ocasionada pelo coronavírus, que se instalou nos últimos meses, nos coloca frente às contradições presentes na nossa sociedade. O discurso mentiroso do atual presidente atende diretamente a uma agenda neoliberal, colocando pessoas no mesmo patamar que coisas.

Tudo isto não é mera crueldade ou perversão, mas sim o neoliberalismo na sua forma mais dura, que transforma vidas em dados estatísticos. Essa lógica coloca pessoas para servir à economia, em vez de colocar a economia a serviço das pessoas. Sabemos que o isolamento social provocou o agravamento da crise econômica no Brasil. No entanto, persistir na ideia de defesa econômica é compactuar com o genocídio de uma parcela da população.

Neste cenário, quem mais sofre são as trabalhadoras e os trabalhadores, que não podem contar com um mínimo de proteção do Estado. Uma pesquisa feita pelo Data Favela e pelo Instituto Locomotiva apontou que 92% das mães moradoras de favela entrevistadas, entre os dias 26 e 27 de março, afirmaram que dentro de um mês terão dificuldade para alimentar os filhos, caso não sejam beneficiadas por um programa de distribuição de renda.

::Ainda sem auxílio emergencial, mulheres desempregadas lutam contra a fome::

Diante das inúmeras contradições que estão postas, a resposta mais rápida é a solidariedade, que já está presente no dia a dia do povo em sua luta pela sobrevivência. Em 2014, o Papa Francisco nos alertou que a "solidariedade é uma palavra que nem sempre agrada; diria que algumas vezes a transformamos em um palavrão, não se pode dizer; mas uma palavra é muito mais do que alguns gestos de generosidade esporádicos. É pensar e agir em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns".

Na campanha da fraternidade deste ano, tem sido muito debatido o modo como a indiferença e o individualismo têm se globalizado e em como podemos vencer a globalização da indiferença. Com a revolução do cuidado! A prática necessária nestes tempos duros é a de cuidado; cuidar das pessoas que estão próximas a nós e as que estão distantes. Neste período, é central repensar as nossas estruturas de cultura, civilização e humanidade, reinventando-as.

Sabemos que estamos frente a grandes desafios, e devemos pensar as ações de solidariedade de maneira rápida e efetiva, dando respostas concretas ao povo. No entanto, é necessário irmos além do que já estamos habituados, exercitando a nossa criatividade de maneira organizada e responsável, para que possamos passar por esse período.

Os movimentos sociais e organizações políticas começam a dar respostas a partir das ações de solidariedade realizadas, buscando construir uma rede de diálogo entre os mais diversos setores da sociedade. O objetivo central é a garantia de melhores condições de vida nas periferias, por meio do acesso à alimentação, saúde e higiene – e na conscientização sobre as recomendações para o enfrentamento do coronavírus, colocando também a necessidade da luta política em defesa da vida. 

::Solidariedade do MST busca mostrar que o inimigo, além do vírus, é o capitalismo::

É necessário continuarmos alimentado essas redes de iniciativas de solidariedade para que possamos enfrentar este inimigo invisível. Porém, não podemos nos esquecer que o povo não é um agente passivo, mas sim o ator principal nessa luta.

Edição: Rodrigo Chagas