De norte a sul do Brasil, a solidariedade vem ajudando a movimentar múltiplas correntes de auxílio e atenção a pessoas em situações de vulnerabilidade, que tendem a acumular maiores prejuízos diante da pandemia do coronavírus. Em São Luís (MA), uma ação coordenada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) vem distribuindo, desde o último domingo (5), cafés solidários para lavadores de carro, vendedores de bala e outros trabalhadores que sobrevivem por meio de bicos.
Todos os dias pela manhã, os militantes envolvidos no trabalho passaram a servir cerca de 100 refeições, que incluem cuscuz, café, leite, ovo, pão, entre outros gêneros. Parte dos produtos vem de comunidades de agricultura familiar do próprio MST e a outra vem de doações. O militante Gilvan Santos, integrante do movimento, conta que a ação é possível graças à união de forças.
“A solidariedade sempre foi uma marca do próprio movimento, que existe em função disso, do voluntariado, desse sentimento de humanidade. Isso move um militante do MST. Neste momento conjuntural, isso acaba sendo muito mais importante. A humanidade não pode perder de vista esse sentimento, esse valor”, acrescenta.
Para evitar aglomerações, os coordenadores da ação têm feito um revezamento entre os voluntários, que vêm de diferentes lugares. Entre os parceiros, estão servidores da Secretaria da Agricultura Familiar do Estado do Maranhão (SAF-MA), integrantes da Pastoral do Povo de Rua e voluntários do projeto “Faça o Bem”.
“É de grande valia pra população de rua que esses órgãos e movimentos todos tenham se juntado e estejam fazendo o melhor que podem pra que essa população não venha a diminuir ainda mais sua imunidade neste momento”, afirma a coordenadora da Pastoral, Zenilda Ferreira Bezerra.
Fundadora do projeto “Faça o Bem” e integrante do Movimento Nacional de População de Rua (MNPR), a missionária Lidiane Lindemberg destaca que, antes da chegada do coronavírus, havia cerca de 1 mil pessoas vivendo nas ruas de São Luís, segundo os cadastros da prefeitura local.
Com o avanço da doença e o início da política de isolamento social, a mobilizadora conta que a situação do segmento “piorou visivelmente” por conta da paralisação do comércio e de outras atividades, o que deixou esses trabalhadores totalmente sem renda. Segundo ela, o contexto criado pela pandemia também fez com que um número maior de pessoas passasse a viver nessa condição.
“A população de rua, em si, já é um grupo invisível pra sociedade. E todo mundo diz ‘não sai de casa’, mas o que fazer com eles se a rua é a casa deles? Depois dessa epidemia toda, eles ficaram mais invisíveis ainda”, acrescenta, ao destacar a importância do café solidário.
A iniciativa é uma das muitas ações que vêm sendo desenvolvidas pelo MST no Maranhão. Segundo a entidade, a distribuição das refeições ocorre por tempo indeterminado.
Edição: Vivian Fernandes