Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, na noite desta quarta-feira (8), Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a insistir no uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19. Porém, o medicamento ainda está na fase de testes e sua prescrição é desaconselhada por especialistas da área e, inclusive, pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Após ouvir médicos, pesquisadores e chefes de Estado de outros países, passei a divulgar, nos últimos 40 dias a possibilidade de tratamento da doença desde sua fase inicial. Há pouco, conversei com o doutor Roberto Kalil e cumprimentei-o pela honestidade e pelo cumprimento do juramento de Hipócretes, ao assumir que não só usou a hidroxicloroquina, bem como a ministrou para dezenas de pacientes. Todos estão salvos.”, afirmou Bolsonaro.
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O cardiologista Roberto Kalil Filho afirmou, nesta quarta-feira (8), que se curou do coronavírus após tomar cloroquina em seu tratamento. "Tomei a cloroquina com corticóide, antibiótico. Ela é um anti-inflamatório. Se há uma chance de que o paciente melhore, se pode salvar vidas, tem que ser ministrada", afirmou o médico em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
No dia 30 de março, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanon, repudiou a utilização de cloroquina no tratamento de pacientes com coronavírus. “O uso não testado de medicamentos sem evidências corretas pode gerar falsas esperanças, causar mais mal do que bem e provocar a escassez de medicamentos essenciais necessários para tratar outras doenças."
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Governadores e Mandetta
Em seu pronunciamento, o quarto, desde que a OMS declarou pandemia pela contaminação por coronavírus, Bolsonaro distribuiu indiretas. Primeiro, aos governadores e prefeitos, com quem tem mantido diálogos bélicos via imprensa e redes sociais.
“Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva, ou não, são de responsabilidade dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração”, explicou Bolsonaro.
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Em outro momento, o alvo foi Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, com quem Bolsonaro mantém uma guerra fria de bastidores e que já foi ameaçado de demissão algumas vezes.
“Tenho a responsabilidade de decidir sobre as questões do país de forma ampla, usando a equipe de ministros que escolhi, para conduzir os destinos da nação. Todos devem estar sintonizados comigo”, avisou Bolsonaro.
Edição: Rodrigo Chagas