A partir desta quarta-feira (1), o município de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, vai começar a receber os kits para realizar a testagem em massa da população para diagnosticar o novo coronavírus. A cidade é a primeira do país a implementar a iniciativa, inspirada nos modelos de contenção da doença desenvolvidos na Coreia do Sul e Singapura. Os dois países registram as mais bem sucedidas experiências de combate ao coronavírus, com os menores índices de casos registrados no mundo.
Assim como nos países asiáticos, a metodologia aplicada em Niterói consiste na testagem massiva da população seguida por isolamento dos casos confirmados. Diferente dos testes que já estão sendo feitos nas unidades de saúde, agentes da Secretaria municipal de Saúde vão bater de porta em porta para realizar os testes e os infectados serão encaminhados para dois centros de isolamento, com 600 vagas, onde receberão acompanhamento multidisciplinar.
Com os testes importados dos Estados Unidos serão testados, a princípio, 80 mil moradores. A prioridade, segundo a prefeitura, são idosos, pessoas com histórico de outras doenças e quem apresentar sintomas leves da covid-19. A estimativa é que os testes comecem a ser aplicados na próxima sexta (3).
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“Estamos seguindo rigorosamente o que indicam especialistas infectologistas e as medidas que obtiveram sucesso em todo o mundo. Se não tivéssemos tomado todas as atitudes que já implantamos, como o gabinete de crise, a situação da cidade seria muito pior”, disse o prefeito Rodrigo Neves (PDT) nesta semana.
De acordo com a Secretaria de Saúde do município, Niterói teve 57 casos confirmados do novo coronavírus na última terça-feira (31) e já há registro de transmissão comunitária. São ao todo 20 pessoas curadas, 21 em quarentena em casa e 15 hospitalizadas, sendo 11 em unidade de tratamento intensivo (UTI), um óbito confirmado e outro em investigação. Niterói é a segunda cidade do estado do Rio com maior número de casos registrados.
A cidade tem apresentado soluções diferentes das outras regiões do país que tem chamado atenção internacional, como reportou o Brasil de Fato. Não pelo ineditismo das medidas, mas pelo planejamento, em um país que não tem tido respostas conjuntas para a contenção da doença a partir do governo federal comandado por Jair Bolsonaro (sem partido).
Para especialistas, como o médico sanitarista Claudio Maierovitch, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ex-presidente da Anvisa, a testagem em massa deveria estar sendo aplicada como política do governo federal em todo o país. Segundo o pesquisador disse em entrevista ao portal The Intercept Brasil, a falta de testagem em massa para detectar a infecção pelo novo coronavírus impede que tenhamos ideia de qual a extensão da epidemia no país.
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Outra medida colocada em prática nesta semana em Niterói foi a distribuição dos kits de limpeza e higiene, contendo álcool em gel, sabonete, sabão em pó, detergente, cloro e água sanitária. Os destinatários são moradores das favelas e periferias da cidade. A ação, que tem como base os cadastros no Programa Médico de Família, vai seguir até o próximo dia 10. Ao todo, serão entregues 80 mil kits à população carente, a estimativa é que beneficie cerca de 220 mil pessoas.
Entre as muitas medidas já adotadas pela prefeitura da cidade contra o novo coronavírus estão o aumento de leitos, arrendamento do Hospital Oceânico para se tornar referência no atendimento à pacientes com covid-19, sanitização das principais ruas, avenidas e comunidades da cidade e a concessão de 32 mil cestas básicas para as famílias de alunos da rede municipal de Educação.
Edição: Vivian Virissimo