O mundo assiste com apreensão ao número de mortos e infectados pelo novo coronavírus. No Brasil, apesar da inércia do presidente Bolsonaro (sem partido), que por diversas vezes desdenhou da situação, as autoridades de saúde têm tomado medidas para diminuir o impacto do covid-19 na população.
No Rio de Janeiro, foi determinado o fechamento de todo o comércio, seja de shoppings, centro comerciais ou lojas de rua. Através do Sindicato dos Comerciários, desde o início desta crise, pedimos aos lojistas o fechamento imediato de todos os estabelecimentos para que os trabalhadores pudessem se cuidar e ficar em casa, como orientam as autoridades de saúde. Infelizmente, algumas lojas ainda insistem em funcionar, com os donos ignorando todos os riscos que isso representa para os trabalhadores, como também para seus clientes.
Lojas que praticam o comércio online também continuam funcionando, mesmo com as portas fechadas.
Nos supermercados, a situação é ainda mais grave, pois como se trata de um serviço essencial, não podem ser fechados por completo. Porém, é preciso ter claro que esses trabalhadores estão correndo sérios riscos. A população temendo um desabastecimento correu para os mercados, fazendo estoques de alimentos e produtos de higiene. As grandes redes de supermercados têm feito campanhas publicitárias para aumentar as vendas, fazendo com que os locais fiquem lotados. Eles estão se aproveitando da gravidade da situação para aumentar seus lucros.
Algumas redes do Rio tiveram aumento nas vendas de quase 30% em um único fim de semana, antes mesmo do anúncio das medidas de restrição de funcionamento, de acordo com a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro.
Para garantir a saúde dos comerciários dos supermercados e hortifrutis, o Sindicato dos Comerciários acionou a justiça e já ganhou ações contra as empresas que não estão tomando as medidas necessárias para manter a segurança e a saúde dos trabalhadores.
Desde o começo desta crise, o Sindicato dos Comerciários apresentou uma pauta de reivindicações com medidas concretas para proteger os comerciários e a população, diminuindo drasticamente o número de pessoas dentro dos estabelecimentos. Propomos o controle de entrada e saída para evitar aglomerações, como também solicitar, por alto falante, que todos mantenham distância de pelo menos um metro umas das outras. Também propomos diminuir o efetivo de funcionários para no máximo 30% e reduzir a jornada de trabalho. Liberar todos que pertencem ao grupo de risco, como idosos, diabéticos, hipertensos e asmáticos e reduzir a jornada de trabalho. Além de fornecer água, sabonete, toalha descartável e álcool em gel. As empresas precisam manter o ambiente limpo e arejado e garantir o controle de entrada e saída de clientes.
O Sindicato dos Comerciários também solicitou a instalação de placas de acrílico nos caixas, separando o comerciário do cliente, mantendo uma distância segura entre eles. Essa é mais uma medida necessária neste momento para resguardar a saúde de todos.
Essas são medidas urgentes para impedir a proliferação do novo coronavírus nos supermercados. Felizmente, por pressão, algumas redes já reduziram seus horários de atendimento.
Outro aspecto desta crise é a situação dos trabalhadores dos segmentos de lojas e shoppings, pois com as empresas fechadas não haverá vendas. Neste momento a prioridade é garantir a saúde de todos. Mas também estamos atuando para diminuir o impacto causado pelo fechamento dessas lojas, por um tempo que ainda não sabemos ao certo.
O Sindicato dos Comerciários está em contato com os patrões para fazer acordos extraordinários, exclusivos para este momento, resguardando os direitos dos trabalhadores do comércio. Essas são algumas medidas que estamos tomando para que os trabalhadores possam ter tranquilidade no dia a dia do ambiente de trabalho. É preciso olhar em primeiro lugar para a saúde de todos e não apenas para o lucro de poucos.
*Márcio Ayer é presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes.
Edição: Mariana Pitasse