Em nota conjunta, onze diretórios de partidos políticos, entre eles o PT e o PC do B, repudiaram, na tarde deste domingo (29), a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que descumpriu as orientações de quarentena de seu próprio Ministério da Saúde, e também da Organização Mundial da Saúde (OMS), e visitou comerciantes, incentivando a aglomeração e o contato físico entre seus apoiadores.
Os partidos afirmam que "o Presidente da República insiste em ir na contramão de todas as ações que têm sido tomadas por chefes de Estado de todo o mundo no enfrentamento à pandemia da covid-19." O Distrito Federal é a quarta Unidade da Federação com maior número de casos, chegando a 289 infectados, de acordo com dados da pasta da Saúde.
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PSB, PT, PSOL, PCdoB, Rede Sustentabilidade, Unidade Popular, Consulta Popular, PCB, PRC, PDT e PV declaram que estão estudando ações judiciais contra Bolsonaro e sua postura diante do combate ao Coronavírus, com o "intuito de salvaguardar vidas em nossa cidade, bem como mobilizando-nos em diversas ações de natureza política."
Os partidos ressaltam que a atitude do presidente incentiva a população a descumprir o confinamento, o que pode aumentar ainda mais o número de infectados e de mortos e levar o sistema público de saúde ao colapso. De acordo com os diretórios, que se reuniram por vídeo conferencia neste domingo, "o discurso criminoso e irresponsável do presidente custará vidas, principalmente dos mais pobres, vulneráveis e moradores das periferias."
Sem fundamento
Bolsonaro rebateu as críticas feitas a seu passeio sem citar nomes. "Alguns querem que eu me cale. 'Ah, siga os protocolos, quantas vezes o médico não segue o protocolo? Por que que ele não segue? Porque tem que tomar decisão naquele momento. Eu mesmo, quando fui operado em Juiz de Fora, se fosse seguir todos os protocolos, fazer todos os exames, morrido."
Ele ainda afirmou que estuda assinar um decreto para que as pessoas voltem a trabalhar, contrariando as recomendações dadas no sábado pelo ministro da Saúde Henrique Mandetta, mas não entrou em detalhes.
Leia a nota da íntegra:
Nós, partidos políticos que subscrevemos esta nota, vimos a público para repudiar a atitude do Presidente da República Jair Bolsonaro de ter feito visitas a feiras populares e comércios do Distrito Federal, incentivado a população a descumprir as medidas sanitárias decretadas localmente, orientadas pelo seu próprio Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Presidente da República insiste em ir na contramão de todas as ações que têm sido tomadas por chefes de Estado de todo o mundo no enfrentamento à pandemia do COVID-19. O DF é, hoje, a terceira Unidade da Federação com o maior registro de casos. Assim, essa apologia ao descumprimento de orientações sanitárias pode fazer com que os números cresçam em nossa cidade e que cheguemos ao completo colapso do sistema de saúde. O discurso criminoso e irresponsável do presidente custará vidas, principalmente dos mais pobres, vulneráveis e moradores das periferias.
É preciso frisar que não há dicotomia entre saúde e economia. Os países que melhor enfrentaram até o momento a crise do COVID-19 adotaram medidas de isolamento social, aumento no número de UTIs e realização de testes massivos em sua população, e o Estado atuou de forma a garantir o emprego e a renda das pessoas.
Por isso, estamos estudando medidas judiciais cabíveis contra a atitude do Presidente da República, no intuito de salvaguardar vidas em nossa cidade, bem como mobilizando-nos em diversas ações de natureza política. Momentos como o que estamos vivendo no Brasil, e em especial no Distrito Federal, materializam e reforçam ainda mais os elos de união das forças progressistas na defesa da vida e de uma sociedade livre, justa e solidária.
Assinam a nota PSB, PT, PSOL, PCdoB, Rede Sustentabilidade, Unidade Popular, Consulta Popular, PCB, PRC, PDT e PV.
Edição: Camila Salmazio