A depender do presidente, já estamos percebendo que não sairemos dessa crise, muito pelo contrário
Neste momento crítico da pandemia de coronavírus que ocorre no mundo inteiro, nós deveríamos ter e viver sobre uma unidade de ações das forças políticas, das autoridades constituídas, da sociedade, dos trabalhadores, do empresariado, da mídia. Mas o que estamos assistindo é exatamente o contrário.
O presidente da República que é quem deveria ser o grande elo aglutinador dessas medidas necessárias para o enfrentamento deste momento difícil, é exatamente quem não apenas está plantando a semente da discórdia, mas tentando colocar o país em um caminho extremamente perigoso. Um caminho que coloca em risco não apenas a vida das pessoas, mas que coloca em risco inclusive o nosso futuro.
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Em relação à vida das pessoas, ele foi em cadeia nacional de televisão contrariar todas as orientações das autoridades, pesquisadores, cientistas da área da saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e inclusive do Ministério da Saúde, relativizando as orientações de que as pessoas devam se recolher ficar em casa, para não espalhar ainda mais este vírus, para que não haja uma contaminação coletiva comunitária ainda maior. O presidente Bolsonaro diz que todos devem voltar aos seus postos de trabalho, que todos tem que voltar para as suas escolas.
Bolsonaro fala e faz isso de forma irresponsável, repito, colocando em risco a vida das pessoas.
E por outro lado também o presidente não é capaz de apresentar um plano concreto para o país, um plano para as pessoas, um plano emergencial para enfrentar este problema que acomete a todos.
Pelo contrário, a medida provisória que assinou recentemente e que teve que voltar atrás – pelo menos em parte dela – era legalizando a possibilidade dos trabalhadores ficarem sem salários durante quatro meses. Ou seja, não apenas não apresenta um plano que suporte e que garanta a dignidade e a vida das pessoas neste período emergencial. O que ele assina vai exatamente no oposto das medidas que nós necessitamos.
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Por isso é que a palavra de ordem hoje é que nós, das oposições, nós do campo progressista, nós que prezamos pela vida das pessoas, que prezamos pelo nosso país, devemos saber e entender que a hora é de unidade mais do que nunca. Devemos ter um programa em comum e mostrar às pessoas que é possível sim ultrapassar essa crise, resguardando vidas, resguardando a dignidade de todos.
Um plano emergencial que garanta a suspensão do pagamento das contas dos serviços essenciais, que garanta crédito para os micro e pequenos empresários e para os micro empreendedores individuais. Que garanta que a nossa economia gire minimamente como estão fazendo vários países do mundo.
Nos Estados Unidos o congresso liberou em torno de dois trilhões de dólares. Um dinheiro que vai direto para a mão das pessoas, que no mínimo, receberão a cada mês, mil dólares. Então, se o presidente Bolsonaro não faz, nós precisamos ter esta responsabilidade de nos mantermos unidos e apresentar esta proposta à sociedade.
Com Bolsonaro nós já estamos percebendo que não iremos sair dessa crise, muito pelo contrário, ela se intensificará.
Então quero dizer que ainda há esperança.
O momento é de muita dificuldade e ele ameaça inclusive, na minha opinião, o Bolsonaro a fechar o regime, caso seu plano não dê certo. Mas por outro lado nós estamos vendo que importante parte da população começa a se conscientizar.
Então é hora, mais do que nunca, de unirmos as esquerdas, apresentarmos um programa emergencial e um programa de futuro para o Brasil. Porque nós estamos vendo que não é o estado mínimo que resolve o problema das pessoas. O que resolve o problema das pessoas é um Estado que atue para garantir o mínimo necessário a todos, para garantir o processo de desenvolvimento. É este o Estado que a gente quer.
Mas para isso nós temos que nos transformar em uma alternativa para a população brasileira. E essa alternativa será apresentada a partir do momento em que tivermos uma plataforma unitária, comum e simples, que as pessoas todas compreendam, entendam e abracem.
Edição: Rodrigo Chagas