As medidas de isolamento adotadas pelo governo da Argentina para conter o coronavírus mudaram a programação do Dia Nacional da Memória pela Justiça e Verdade.
Prevista para esta terça-feira (24), a marcha que anualmente percorre Buenos Aires, capital do país, foi suspensa. O evento lembra as vítimas da última fase do regime militar argentino (1976-1983).
Pela primeira vez, “não haverá marcha, mas sim memória”, destacaram os organizadores do evento, que é realizado todo dia 24 de março, correspondendo ao dia de início do último regime ditatorial do país.
Como forma de evitar aglomerações, foi convocada uma ação virtual intitulada “Pañuelos con memoria” ("Lenços com memória", em tradução livre), em referência aos tradicionais lenços brancos, símbolos da luta das Mães e Avós da Praça de Maio.
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Durante todo o dia, foram compartilhadas nas redes sociais fotos de janelas, portas e varandas com panos brancos em memória das vítimas e desaparecidos durante a ditadura militar.
Através de sua conta no Twitter, o presidente argentino, Alberto Fernández, compartilhou uma mensagem de apoio à ação e reforçou a importância da data.
“O isolamento preventivo e obrigatório nos impede de marchar hoje para nos cuidar. Mas não nos impede de recordar. Neste 24 de março, em nossas casas, levantemos os pañuelos pela memória, verdade e justiça. Nunca mais”, declarou Fernández.
Em uma entrevista à Agência Nacional de Notícias da República Argentina (Télam), Nora Cortiñas, cofundadora do movimento Mães da Praça de Maio e uma das organizadoras da marcha, comentou a ação.
“Para os familiares, para as mães e as avós, esta data é todos os dias. A memória caminha, a memória continua funcionando, nos convoca a seguir exigindo toda a verdade e toda a justiça e dizer não à impunidade. O terrorismo de Estado que vivemos, o horror, está dentro dos nossos corpos e dos 30 mil homens e mulheres [desaparecidos] e é por eles que seguimos exigindo tudo que há que exigir”, declarou a militante que completou 90 anos recentemente.
“Vamos lembrar todos os dias os presos políticos, os desaparecidos, os que foram para o exílio para não perder a vida, a todos que lutaram e hoje seguem lutando, não se apaga o 24 de março porque não há marcha na praça”, concluiu.
Edição: Luiza Mançano