PANDEMIA

Covid-19: Ministro da Saúde vai antecipar formatura de estudantes de medicina

Em videoconferência de Bolsonaro com prefeitos, Mandetta disse que a ajuda dos alunos do último ano será fundamental

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Teleconferência: ao lado de Bolsonaro, o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) anunciou que vai antecipar a formatura de estudantes de medicina - Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro participou na manhã deste domingo (22) de uma videoconferência com a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), no Ministério da Saúde, para discutir medidas de combate à pandemia do novo coronavírus. Ao lado do ministro Luiz Henrique Mandetta, ele pediu aos gestores municipais que façam esforços para tentar frear o avanço da disseminação da covid-19, principalmente com ações locais, que fogem da alçada ou do alcance do governo federal.

Os prefeitos aproveitaram a conferência virtual para apresentar demandas e tirar dúvidas. Na pauta, um dos assuntos abordados foi a capacidade de atendimento da população caso o surto da doença aumente de forma vertiginosa, a exemplo do que corre na Itália, onde o sistema público de saúde já não dispõe mais de leitos, nem de médicos,  suficientes para dar conta da alta demanda de infectados, causando um aumento no número de mortos. Mandetta anunciou que o governo vai antecipar a formatura de estudantes de medicina que estão no último ano, para aumentar a frente de atendimento aos doentes infectados. 

“Vamos antecipar os meninos do sexto ano que falta um mês para se formar.  Eles são jovens, não têm experiência, mas podem fazer uma parte do atendimento. Eles tem 7.300 horas de capacitação. Não para o CTI, não para pilotar um aparelho multiparamétrico, mas ele (recém-formado) pode muito bem ajudar”, afirmou o ministro da Saúde. 

Neste domingo, coincidentemente, acaba o prazo de inscrição para médicos brasileiros que queiram fazer parte do programa Mais Médicos.  A data limite também vale para os municípios que tenham a intenção de renovar a adesão. O prazo, que terminava na terça-feira (17) foi prorrogado pelo Ministério da Saúde justamente para reforçar o atendimento à população durante a pandemia da covid-19, com o chamamento para 5.811 vagas. 

Ao ouvir as preocupações dos prefeitos, no entanto, Bolsonaro não anunciou nenhuma nova medida, além das que já haviam sido informadas pelo governo na última semana. Ele reiterou, por outro lado, a notícia divulgada neste sábado (21), sobre a distribuição de 10 milhões de testes para detectar o coronavírus. Mais cedo, pelo Twitter, o presidente já havia reforçado a notícia. "São aproximadamente 10 milhões de testes no local. Cinco milhões enviados para todos os Estados ainda em março". Jair Bolsonaro, que chegou na reunião por volta das 09h40, deixou o encontro pouco antes das 11h30, antes do fim. A videoconferência continuou sob o comando do ministro da Saúde. 

Campanha de Vacinação

Luiz Henrique Mandetta aproveitou para falar sobre a campanha de vacinação contra a gripe (influenza), que foi antecipada e começa nesta segunda-feira (22) em todo o país. Ele afirmou que distribuirá 75 milhões de doses que previnem contra os subtipos do vírus que mais circularam no ano passado. 

De acordo com o ministro, a imunização contra a gripe é importante porque muita gente, infectada pelo vírus H1N1, a exemplo do que aconteceu em anos anteriores, pode acabar contribuindo para superlotar os leitos de internação. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, não participou da videoconferência por causa da morte da avó, Lila Covas, viúva do ex-governador do Estado, Mário Covas.

Eleições 2020

Ainda entre as medidas a serem adotadas na tentativa de frear a disseminação da covid-19, o ministro da Saúde defendeu que o Congresso deveria adiar as eleições municipais deste ano, marcadas para outubro. Para Mandetta, o pleito poderia tirar a atenção dos prefeitos em relação ao combate ao vírus, considerada uma prioridade para os gestores municipais.  Segundo ele, uma disputa eleitoral nesse cenário poderia causar uma tragédia. 

“Faço aqui até uma sugestão. Está na hora de o Congresso falar: ‘adia’, faz um mandato desses vereadores e prefeitos. Eleição no meio do ano, uma tragédia, por que vai todo mundo querer fazer ação política”, afirmou.

O comentário foi uma resposta de Mandetta o questionamento de um dos prefeitos sobre os impasses na hora de articular com políticos locais as medidas de prevenção e intervenção contra a pandemia". 

Em entrevista ao Jornal O Globo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, (DEM - RJ) reagiu, neste domingo (22) à fala do ministro. Para o deputado, ainda não é hora de discutir esse tema.  

"Eleições começam dia 15 de agosto. Vamos focar agora no tema da saúde. Aliás, área em que o Mandetta vai muito bem. Na hora correta vamos cuidar da eleição", rebateu o parlamentar. 

Mais tarde, durante a coletiva do Ministério da Saúde para atualizar os números do coronavírus, o ministro recuou da ideia e disse que mencionou a possibilidade de adiamento das eleições em um contexto isolado. Segundo Mandetta, não cabe a ele como integrante da área da Saúde decidir sobre o assunto. 

 

 

 

 

Edição: Douglas Matos