Saúde

Ministério prevê crescimento do número de casos de coronavírus até junho

Com 290 casos confirmados e o primeiro óbito, governo afirma que mortes devem crescer nos próximos dias

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
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Por conta do novo modo de contagem automatizado adotado pelo governo, o número de casos suspeitos saltou de 2.064, na segunda-feira (16), para 8.819, nesta terça (17) - José Cruz/Agência Brasil

O Ministério da Saúde divulgou um novo boletim sobre o avanço da pandemia do coronavírus e fez alertas importantes sobre o futuro da doença no Brasil. Luiz Henrique Mandetta, chefe da pasta, informou que o governo federal trabalha com uma projeção de crescimento dos casos da doença nos próximos meses, até junho. Segundo o ministro, a estabilização é esperada para julho, quando mais de 50% da população deve estar imunizada.

Mandetta também projetou os cenários possíveis a partir da confirmação do primeiro óbito por conta do vírus. O país chegou a 291 casos confirmados em 17 estados nesta terça-feira (17). "Achava que teríamos o primeiro óbito um pouco antes, considerando o número de casos. É interessante essa primeira impressão. O Brasil é um país jovem, vamos ver como isso vai funcionar. Lembrando que temos muitas perguntas a responder sobre a história desse vírus. Trabalhamos com projeções sobre os cenários."

A partir deste último boletim, o Ministério passou a utilizar um sistema de contabilização automatizado dos casos, gerido diretamente pelas secretarias estaduais de saúde, com base nas informações coletadas em todas as unidades públicas e privadas de saúde. Por conta dessa mudança, explicou, Mandetta, o número de casos sob suspeita de coronavírus saltou de 2.064, na segunda, para 8.819.

"A partir de agora, nossos números deverão retratar de forma muito fidedigna o que os profissionais da ponta vão informar sobre a doença", afirmou o ministro.

Capacidade do SUS

Mandetta considerou que nenhum país do mundo tem um sistema de saúde devidamente preparado para receber uma demanda tão grande quanto à esperada por conta da pandemia de coronavírus. Segundo ele, o Brasil tem a vantagem de ter "um sistema público minimamente consolidado" e o governo está buscando formas de aumentar a capacidade instalada desse sistema.

Nesse sentido, uma medida informada pelo ministro é o repasse adicional da pasta aos estados fixado em R$ 2 por habitante. São Paulo, utilizado como exemplo por Mandetta, já recebeu quase R$ 100 milhões, segundo ele.

O Ministério da Saúde também afirma estar buscando adquirir novos leitos em unidades de tratamento intensivo (UTI) para aumentar a capacidade de internação. Mandetta disse esperar que mais de 80% – até 85% – das pessoas que contraírem a doença não precisarão de "mais nada além de orientação e antitérmicos tipo dipirona ou paracetamol". "O problema são os 15% das pessoas que vão precisar de internação hospitalar", concluiu o ministro, acrescentando que de 4 a 5% dos pacientes precisarão de leitos de UTI.

Outra limitação a ser contingenciada, informou o Ministério, é a capacidade de exames laboratoriais para verificar os casos de coronavírus – a pasta diz que vai se reunir com laboratórios públicos e privados de todo o país para ampliar a abrangência dos testes.

Solidariedade e medidas restritivas

Mandetta fez um chamado à solidariedade do povo brasileiro para enfrentar o grande crescimento nos casos da doença esperado para os próximos meses. Ele tratou da importância de formação de grupos de voluntariado para auxiliar na atenção a pessoas contagiadas, sobre tudo no grupo de risco.

O ministro também previu a utilização de táticas como hospitais de campanha e a ampliação do uso da chamada telemedicina. "O Brasil precisa de todos os brasileiros. A solidariedade pode fazer a diferença. Tenho certeza que a gente pode fazer um grande trabalho para diminuir o grande impacto que essa virose terá no dia a dia dos brasileiros."

Por fim, Mandetta alertou para a necessidade de medidas restritivas, mas também para a responsabilidade dos governantes para que sejam tomadas de modo a não causar novos transtornos, como, por exemplo, o desabastecimento de alimentos ou medicamentos. 

"Não adianta parar tudo e depois não ter abastecimento de alimentos. Precisamos manter essa logística. Não podemos trazer mais problemas com medidas tomadas sem diálogo com os ministérios."

Edição: Rodrigo Chagas