Pouco mais de uma semana após o início da campanha para o plebiscito constitucional, que acontecerá no dia 26 de abril, o Chile se prepara para a votação com grandes mobilizações. Desde o dia 26 de fevereiro, o país iniciou oficialmente o calendário de ações que poderá sepultar de vez a Constituição atual, imposta em 1980, pelo ditador Augusto Pinochet (1973-1990).
Entre março e abril, se espera que as manifestações voltem a ser maiores, como as dos meses de outubro e novembro. O primeiro grande evento que irá marcar essa nova fase é a greve feminista, marcada para este domingo, 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher.
A agenda continua na segunda-feira (9), com uma greve geral, que já conta com a adesão das principais organizações sindicais do país.
E na terça-feira (10), data que o presidente Sebastián Piñera completa dois anos de seu segundo mandato, algumas organizações sociais e políticas pretendem fazer outro protesto específico para recordar as violações aos direitos humanos cometidas durante o seu governo. Segundo pesquisas, o empresário neoliberal tem apenas 4% de aprovação.
O que está em jogo no plebiscito constitucional
A Constituição pinochestista é o principal sustentáculo do modelo econômico neoliberal do país, um dos mais antigos e mais radicais do mundo, e a revolta social iniciada em outubro passado em todo o Chile, com manifestações quase diárias de centenas de milhares, e às vezes até de milhões de pessoas nas ruas, têm como principal demanda o fim deste marco legal.
Neste começo de campanha, o foco tem sido recordar o que estará em jogo em abril. As chilenas e os chilenos poderão escolher entre aprovar ou rechaçar a ideia de se realizar uma nova Constituição.
No caso de que a aprovação seja a opção mais votada, também os eleitores decidirão se a fórmula para a redação da nova Carta Magna será através de uma assembleia constituinte, com todos os delegados eleitos exclusivamente para essa tarefa, ou o que se chamou de “convenção mista”, na qual metade dos representantes serão políticos com mandato vigente.
Durante os últimos meses, as manifestações que marcaram o país no último período perderam um pouco a massividade e alguns chilenos chegaram a brincar dizendo que "a revolução também precisa tirar umas férias de vez em quando". Outro fator é que algumas organizações sociais que diminuíram sua presença nas ruas o fizeram por preferir se dedicar aos preparativos para estes dois próximos meses de campanha eleitoral.
Edição: Vivian Fernandes