Nicarágua

Morre o poeta revolucionário Ernesto Cardenal, expoente da Teologia da Libertação

O nicaraguense foi um dos porta-vozes da Revolução Sandinista, experiência eternizada em seus poemas

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Ernesto Cardenal tinha 95 anos e se dedicou à luta pelos mais pobres durante sua trajetória - Johan Ordonez/AFP

O poeta e sacerdote Ernesto Cardenal faleceu nesse domingo (01) em Manágua, capital da Nicarágua, aos 95 anos, em decorrência de uma infecção renal. Cardenal é um dos expoentes da Teologia da Libertação e foi um militante ativo no enfrentamento contra a ditadura de Somoza, cuja dinastia governou a Nicarágua por mais de 10 anos.

O compromisso de Ernesto Cardenal com os setores mais empobrecidos e contra as injustiças transformou-o em um dos principais porta-vozes da Revolução Sandinista, um projeto político com o qual se comprometeu profundamente.

O poeta nasceu em Granada, na Nicarágua, em 20 de janeiro de 1925 e estudou literatura em Manágua e no México, com passagens pelos Estados Unidos e países da Europa. Sua poesia também está fortemente relacionada à Revolução Sandinista. Em poemas como Hora Zero ou Canto Nacional, o poeta enaltece as guerrilheiras e os guerrilheiros sandinistas. 

Devido à sua atuação política, Cardenal foi proibido de exercer o sacerdócio em 1983, pelo então Papa João Paulo II, durante a visita do pontífice à Nicarágua. Apenas no ano passado foi reabilitado pelo Papa Francisco.

Após receber a notícia do falecimento do poeta, o presidente Daniel Ortega decretou três dias de luto oficial. Nos últimos anos, Cardenal rompeu sua relação com Ortega e passou a criticar os “desmandos e arbitrariedades” do líder político durante os eventos que participava. 

:: Oração por Ernesto Cardenal, uma homenagem à sua poesia ::

Edição: Resumen Latinoamericano