Governo Bolsonaro

Jornal Brasil Atual Edição da Tarde | 28 de fevereiro de 2020

Papel do Brasil na sessão anual do Conselho de Direitos Humanos é destaque do programa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Ouça o programa ao vivo das 17h às 18h30 na Grande São Paulo (98.9 MHz) e noroeste paulista (102.7 MHz) e através do site do Brasil de Fato - Juliana Almeida | RBA

Após o ato organizado para o dia 15 de março contra o Congresso Nacional receber o apoio do presidente Jair Bolsonaro, centrais sindicais, movimentos sociais e feministas ampliaram os protestos já agendados para março. 

Maria Júlia Montero, da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), afirma que a pauta central do 8 de março é contra o governo Bolsonaro: “Não é só contra ministro X ou Y, 'Fora Guedes' ou 'Fora Damares'. Queremos esse governo todo fora, não tem salvação. Esse governo inteiro é um retrocesso para as mulheres. Já vínhamos afirmando e isso se torna cada vez mais claro, que é um governo fascista. Suas afirmações são fascistas”.

Nesta quinta-feira (27), a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, citou o Brasil entre os cerca de 30 lugares no mundo onde existem sérias preocupações em relação a violações de direitos humanos. Em resposta, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo negou as denúncias de Bachelet e afirmou que elas têm “motivação política”.

Para comentar as denúncias contra o Estado brasileiro na sessão anual do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, o Jornal Brasil Atual recebe o coordenador da área de memória, verdade e justiça do Instituto Vladimir Herzog, Lucas Paolo. 

Paolo comentou o papel do Brasil, que ocupa uma cadeira no Conselho de Direitos Humanos  da ONU, na reunião: "O governo brasileiro, representado pela ministra [da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos] Damares Alves, tem atuado de maneira a legitimar esse espaço, mas deturpando, desviando esse espaço, desviando a compreensão dos direitos humanos do que historicamente tem se compreendido e do que são os próprios parâmetros da ONU sobre direitos humanos".  

O integrante do Instituto Vladimir Herzog, afirmou que, na verdade, as falas ideológicas foram as do governo brasileiro na reunião: "É curioso porque, após a fala da Bachelet, a resposta da Damares e da embaixadora do Brasil na ONU é que o discurso da Bachelet foi politicamente direcionado, mas o que a gente viu foi justamente o contrário. A ministra Damares Alves começa a fala dela com uma orientação política e ideológica muito clara: de marcar que o maior problema do país em relação aos direitos humanos era a corrupção, ou seja, marcando um viés altamente ideológico pra falar de direitos humanos". 

Paolo também criticou a defesa infundada feita pelo governo brasileiro de suas próprias ações em relação aos direitos humanos: "O que a gente viu na fala da ministra Damares foi, primeiro, o enaltecimento de políticas públicas de direitos humanos sem nenhum dado, de maneira que não se sustenta; ela falou da defesa do SUS, e o que a gente está vendo é justamente o contrário; falou sobre a proteção da Amazônia e dos povos tradicionais, quando o que vemos é um crescimento da perseguição aos indígenas, às lideranças camponesas, ribeirinhas, inclusive com aumento de mortes". 

Confira todos os destaques do programa logo no início. 

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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, nas frequências da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e noroeste paulista (102.7 MHz), e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.     

 

Edição: Mauro Ramos