Outra história é que o grande líder da Inconfidência era, na verdade, o Aleijadinho
Acabei de ler um grande livro. Grande mesmo, nos dois sentidos. É um grande trabalho de pesquisa, com textos esclarecedores, e tem quinhentas e tantas páginas.
O livro chama-se “O Tiradentes – uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier”, do jornalista e escritor Lucas Figueiredo, publicado pela Companhia das Letras.
Ele conta a história do Tiradentes e da Inconfidência Mineira, incluindo seus principais personagens, com detalhes que a gente não tinha a menor ideia.
Mas não vou falar do livro aqui. Vou é lembrar de algumas histórias que não estão nele, acho que poderiam ser tratadas como folclore, embora uma delas seja de autoria de um historiador.
Em 1969, um historiador carioca, Marcos Correia, pesquisava sobre José Bonifácio de Andrada e Silva, em Paris, e deu de cara com uma cópia de um documento arquivado na Torre do Tombo, em Lisboa. Perto da assinatura dele havia outra, de um tal de Antônio Xavier da Silva.
O historiador havia estudado grafologia, e uma assinatura muito estudada por ele foi a de Tiradentes. Achou muito semelhante a ela a assinatura desse Antônio Xavier da Silva.
Foram feitos estudos, e surgiu a versão de um ladrão, Isidro Gouveia, que também havia sido condenado à morte, foi enforcado no lugar de Tiradentes.
Topou assumir o lugar dele em troca de ajuda financeira à sua família.
A manobra toda teria sido feita pela Maçonaria, que libertou Tiradentes e, em agosto de 1792, o levou para Lisboa com a namorada Perpétua Mineira e os filhos do ladrão enforcado no lugar dele, na nau Golfinho.
Ele teria voltado ao Brasil e aberto uma botica. Segundo essa versão, só morreu em 1818, quatro anos antes de ser reconhecido como mártir da Independência.
Outra história é que o grande líder da Inconfidência era, na verdade, o Aleijadinho, que agia nas sombras, e não foi denunciado.
Segundo dizem, os 12 profetas do Santuário Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG), têm a cara de 12 líderes da Inconfidência, um deles o próprio Aleijadinho.
Para terminar, vocês sabem como surgiu a expressão “uai” usada praticamente só pelos mineiros?
Segundo uma versão que corre por aí, surgiu durante a Inconfidência. UAI são as iniciais das palavras União, Amor e Independência.
Quando havia reuniões secretas dos inconfidentes, para entrar no recinto, pediam a senha, e o sujeito tinha que dizer UAI, com esse significado.
Mas isso é lenda. Eu me lembro de um paulista que perguntou a um mineiro o que é “uai”. O mineiro olhou bem para ele e falou: “Uai é uai, uai”.
Edição: Geisa Marques