O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o Papa Francisco na manhã desta quinta-feira (13), no Vaticano. Após a reunião, os perfis de Lula nas redes sociais publicaram fotos do político sendo abençoado pelo pontífice. Na legenda, o petista afirma que conversou com papa Francisco sobre um "mundo mais justo e fraterno".
O encontro se iniciou às 11h30 no horário de Brasília e durou aproximadamente uma hora, segundo a assessoria do ex-presidente.
Até o momento, Lula não fez nenhuma declaração oficial, mas havia afirmado anteriormente que o combate à desigualdade social e à fome seriam temas centrais da conversa.
Experiência brasileira
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que durante as gestões de Lula, a pobreza no país diminuiu de um patamar de 42 milhões de pessoas, em 2002, para 14 milhões em 2014, ano em que o Brasil deixou o Mapa da Fome das Nações Unidas.
No mesmo período, a fome no país teve uma redução de 82%. Em 2014, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) chegou a anunciar que o Brasil tinha menos de 5% da população em condição de insegurança alimentar.
Também segundo em IBGE, em 2014, 4,5% da população vivia abaixo da linha de extrema pobreza. A taxa alcançou 6,5%, no governo de Michel Temer (MDB), chegando a 13,5 milhões de pessoas.
Em defesa da floresta
A devastação da Amazônia, grande preocupação do papa Francisco, também foi tema do encontro. Nessa quarta-feira (12), o pontífice publicou a exortação pós-sinodal sobre o território amazônico.
Com o título Querida Amazônia, a publicação é resultado da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica, celebrada em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019.
:: Leia íntegra do documento escrito pelo Papa Francisco ::
“Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida. Sonho com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana. Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas. Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos”, diz o texto publicado pelo papa Francisco.
Em junho do ano passado, o Vaticano publicou o Instrumentum Laboris (Instrumento de trabalho), texto que orientou a discussão do Sínodo.
O documento questiona o atual modelo de desenvolvimento na Amazônia e aborda a exploração internacional dos recursos naturais da região, o extrativismo ilegal, a situação das comunidades indígenas e ribeirinhas, entre outras questões, como a conivência de governos com projetos econômicos que prejudicam o meio ambiente.
Intermediação argentina
O encontro foi intermediado pelo presidente argentino Alberto Fernández, em visita ao Vaticano no último dia 31. Na ocasião, o presidente argentino comunicou aos jornalistas que o papa Francisco concordou em receber Lula no Vaticano.
Em maio do ano passado, o papa Francisco enviou uma carta em que desejou ânimo ao ex-presidente Lula. No texto, ele afirma que “o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação”.
Na ocasião, o líder religioso disse que acredita, assim como seus antecessores, que “a política pode se tornar uma forma eminente de caridade se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas”.
Depoimento
Para se encontrar com o papa no Vaticano, Lula conseguiu na Justiça a alteração da data de um depoimento para a operação Zelotes, que estava previsto para esta terça-feira (11). Por decisão do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Criminal Federal de Brasília, a audiência foi remarcada para o dia 19 de fevereiro.
Edição: Camila Maciel