A voz do porteiro que autorizou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra no dia da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, não é a do funcionário que mencionou o suposto envolvimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos investigadores da Delegacia de Homicídio (DH). A conclusão dos peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) consta em laudo da Polícia Civil, divulgada na última terça-feira (11) pelo jornal O Globo.
O documento, elaborado por seis especialistas, aponta que o material não teve nenhum tipo de adulteração e que, segundo a gravação, o policial militar aposentado Ronnie Lessa permite a entrada de Élcio de Queiroz no condomínio. Ambos estão presos sob a acusação de terem cometido os assassinatos.
A execução de Marielle e Anderson aconteceu por volta das 21h15 do dia 14 de março de 2018 e a gravação periciada foi feita no mesmo dia às 17h07, ou seja, cerca de quatro horas antes. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Ronnie e Élcio partiram juntos até o local do crime.
Denunciação caluniosa
Um dos porteiros, nos dias 7 e 9 de outubro do ano passado, relatou aos investigadores da Delegacia de Homicídios (DH) que Jair Bolsonaro teria autorizado a entrada de Élcio no condomínio. O então deputado federal Jair Bolsonaro, no entanto, estava em Brasília neste dia. Pouco tempo depois, o porteiro afirmou à Polícia Federal que cometeu um erro ao anotar na planilha do condomínio. Agora o funcionário pode responder pelo crime de denunciação caluniosa.
Após a divulgação da denúncia do porteiro, Jair Bolsonaro fez um vídeo em suas redes sociais em que atacou a Rede Globo, ameaçando não renovar sua concessão em 2022, e também acusou o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) de tramar para prejudicar a sua imagem. Ao lado de apoiadores, o presidente comemorou nesta terça-feira (11) o laudo da Polícia Civil: "Viu que a perícia descobriu? A voz não é do porteiro!", disse, em frente ao Palácio da Alvorada.
Edição: Mariana Pitasse