O que nós estamos vivendo hoje é uma situação de emergência no sentido de que há um fato novo
Na semana passada a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou estado de emergência de saúde pública global com o surto do novo coronavírus na China. Até o momento, são mais de 17 mil casos confirmados, com 361 mortes em território chinês e uma nas Filipinas.
Fora de lá, são 148 casos suspeitos em 20 países, segundo o órgão. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, nenhum dos 16 casos suspeitos foi confirmado ainda. Diante desta realidade como o Sistema Único de Saúde (SUS) deve se preparar para atender o novo vírus?
O pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), Christovam Barcellos, alerta que é “quase inevitável” que o coronavírus chegue ao país.
“Já chegou na Europa, Estados Unidos, Japão, e não adianta como a China está tentando fazer, um enclausuramento das pessoas, fechamento de fronteira, impedir a entrada e saída de pessoas. Esse tipo de medida só atrasa a difusão desse vírus pelo mundo, mas ela não vai impedir que se circule o vírus e se apresente alguns casos fora da cidade de origem”, afirma.
Barcellos vai no mesmo caminho que a OMS - que reunirá autoridades e governos no mundo para traçar um plano de ação coordenado de combate à doença - e aponta que é necessário um esforço de muitas instituições e pessoas no sistema de saúde brasileiro para fazer frente à disseminação do vírus.
“O que nós estamos vivendo hoje é uma situação de emergência no sentido de que há um fato novo e por isso exige o esforço de muitas instituições e pessoas, porque este vírus é distante e tem uma letalidade muito grande, tem várias pessoas infectadas, algumas apresentam os sintomas, dessas que apresentam os sintomas, algumas são [casos] graves e pode levar à morte”, relata.
O primeiro passo do SUS deve ser uma atenção maior aos sintomas do vírus para percepção se há risco de doença nos pontos de fronteira, tanto na terrestre, com a comunicação dos países da América do Sul, quanto nos portos e aeroportos.
“Em situações de alerta de pessoas que tem febre, que estão com problemas respiratórios e pulmonares. Como esses sintomas são parecidos com a gripe comum é preciso abranger um aspecto maior de sintomas pra vigilância de saúde estar mais sensível e conseguir captar qualquer situação suspeita da entrada do vírus no Brasil”, explica.
Barcellos ressalta ainda que outras frentes do SUS devem se concentrar no diagnóstico e na atuação dos profissionais que atenderão as pessoas infectadas.
“A pesquisa urgentemente precisa se conectar com outros países no mundo e elaborar testes de diagnósticos mais precisos para esse tipo de vírus que é novo. E do outro lado ter uma atenção específica e com médicos infectologistas brasileiros sobre como tratar essas pessoas para evitar mortalidade. Evitar contágio é quase impossível, o que a gente tem que fazer nesse momento é evitar que as pessoas que se infectem, venham a apresentar quadros mais graves.”
Atualmente o diagnóstico do novo coronavírus é feito com a coleta de materiais respiratórios e encaminhadas com urgência para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e para o Centro Nacional de Influenza (NIC).
Mesmo sem um caso confirmado da doença no Brasil, o Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (03), que vai elevar o grau de risco ao nível 3, de "emergência em saúde pública" em território nacional, devido ao avanço do coronavírus. Saiba mais sobre o novo coronavírus no Drops do Brasil de Fato:
Edição: Leandro Melito