A importância da atenção plena à alimentação para uma boa saúde
Mexer no celular durante as refeições é um hábito cada vez mais comum. A hora de comer não é mais encarada como uma pausa do dia, um momento de se concentrar no alimento e apreciá-lo. Essa atitude trás prejuízos para a saúde. Não dar atenção a essa parte tão importante do nosso dia pode acarretar numa série de problemas. É pensando em reverter essa prática de desvalorização da refeição que surgiu o Mindfull Eating, no português: se alimentar com atenção plena.
Quem explica o que é essa prática é a pós doutora em mindfulness e mindful eating, Vera Salvo, do departamento de medicina preventiva da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp.
"Mindful eating possui diferentes definições. Podemos considerar como uma derivação, um braço de mindful que é traduzido no Brasil como atenção plena. Mas da mesma forma que mindful, o mindful eating não tem uma única definição. Então, nós poderíamos dizer que é comer com atenção plena, utilizando todos os sentidos de maneira curiosa, gentil, menos julgadora, tornando-se consciente dos seus sinais internos de fome e saciedade para conduzir as decisões de começar e parar de se alimentar"
Em termos práticos, uma das forma para começar a colocar esse ato na rotina é deixar o celular de lado enquanto vai almoçar; respirar fundo e olhar com curiosidade para o alimento; sentar-se à mesa de maneira confortável; manusear os talheres com calma; deliciar-se a cada mordida; fechar os olhos enquanto mastiga; e, ao final, agradecer pela refeição.
Vera Salvo que também é instrutora de mindfulness, mindful eating e desenvolvimento da compaixão no Centro de promoção de mindfulness (CPM) explica que em termos de ciência a prática existe há 11 anos, mas o mindful desde 1980.
Apesar de beneficiar a todos, o mindful eating é muito importante para quem sofre de transtornos alimentares.
"São vários os tipos de transtorno alimentares. Mas talvez os mais comuns que a gente possa nesse momento citar sejam a anorexia, a bulimia nervosa, a ortorexia, que é a vontade de comer de maneira extremamente correta, e a vigorexia, que apesar de ter uma forma física, um desenvolvimento físico, a pessoa não se enxerga dessa forma", classifica a nutricionista.
Entre os prejuízos causados pelos transtornos alimentares estão problemas renais, cardíacos e até a morte, por desidratação e parada cardíaca. Segundo a professora, embora nem toda a dieta leve a um transtorno, geralmente o problema começa a partir de um regime restritivo, muitas vezes associado também a quadros clínicos de ansiedade, depressão e utilização de drogas.
Vera ressalta que a prática do mindful eating representa uma reeducação alimentar e não tem objetivos estéticos
"Ele não foi desenhado para a perda de peso, mas ele tem um efeito grande sobre a mudança de comportamento alimentar. A perda de peso é um subproduto de mindful eating, muitas vezes porque a pessoa precisa ajustar outros setores na vida dela, a alimentação não é o problema. Na verdade, a alimentação, ela perpassa nossa vida, ela é um tema transversal de saúde e de educação. Muitas vezes nós utilizamos os alimentos para conseguirmos lidar melhor com o que é abstrato, com as emoções, com os problemas que a vida apresenta".
Edição: Lucas Weber
