Em entrevista à Rádio Brasil Atual (RBA), na quinta-feira (23), direto do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o secretário-geral da IndustriALL Global Union (Federação Internacional dos Trabalhadores na Indústria), Valter Sanchez, chamou a atenção para a necessidade de uma atuação mais ativa dos Estados na garantia dos direitos e qualidade de vida dos trabalhadores, especialmente os mais pobres. De acordo com o líder sindical, os grandes empresários do planeta são os maiores responsáveis pelo aprofundamento da desigualdade social nas últimas décadas.
“Considerando o nosso setor, o segundo homem mais rico do mundo hoje tem uma fortuna avaliada em US$ 110 bilhões. E esse é o mesmo cara que paga, na cadeia produtiva, salários de 38 dólares por mês para trabalhadores, como ocorre por exemplo na Etiópia”, ressalta.
Sanchez também demonstrou preocupação com profissionais que atuam em setores que devem perder força nos próximos anos devido a questões ambientais, como mineradores e petroleiros, diante da tendência de substituição das matrizes energéticas poluentes por alternativas mais limpas. Apesar da necessidade de mudança, o sindicalista entende que é possível fazer uma transição justa, que preserve, ao mesmo tempo, o meio ambiente e os trabalhadores. Mas, para isso “o apoio do Estado é fundamental”, defende.
“O que nós, enquanto Sindicato, podemos fazer em negociações bilaterais com as multinacionais tem uma limitação. É preciso o Estado intervir, regulando e, sobretudo ,taxando as grandes fortunas, principalmente os grandes bilionários, para financiar essa transição para o planeta, que é nossa casa e está pegando fogo”, alerta.
Além de uma transição justa dos trabalhadores afetados pelas questões climáticas para outras áreas, o secretário-geral da IndustriALL Global Union listou as prioridades da pauta sindical levada a Davos nesta edição de 2020. “A nossa mensagem como sindicalistas aqui tem sido no sentido de buscar temas prioritários, como a defesa dos direitos humanos, da governança baseada no multilateralismo e a cobertura da negociação coletiva para a defesa dos direitos dos trabalhadores, que estão sendo atacados em várias partes do mundo”, acrescenta.
Na entrevista à RBA, concedida ao jornalista Glauco Rocha, Valter Sanchez também falou sobre a luta sindical no Brasil contra as políticas econômicas neoliberais da gestão Bolsonaro, encabeçadas pelo ministro Paulo Guedes (Economia), que representa o governo brasileiro no Fórum.
Edição: Lucas Weber
