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A saga de um daltônico para comprar roupas e interpretar o semáforo horizontal

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As cores do semáforo eram um problema para Dirceu, o daltônico
As cores do semáforo eram um problema para Dirceu, o daltônico - Pixabay
Azul, vermelho, amarelo, verde, tudo vira algum tom de cinza

Acredito que todos já ouviram falar de pessoas daltônicas, quer dizer, que não enxergam algumas cores.

Tem daltônico que não distingue cor nenhuma, só enxerga em preto e branco. Azul, vermelho, amarelo, verde, tudo vira algum tom de cinza.

Num dos muitos empregos que já tive, havia um colega com essa deficiência visual. Era o Dirceu.

Afora os problemas que ele tinha por causa do daltonismo, sofria com as maldades aprontadas por colegas.

Uma vez, ele precisava comprar roupas, e levou um que julgava amigo para que não fizesse besteira. Pediu que o sujeito lhe indicasse roupas com cores discretas. Não queria usar roupas espalhafatosas.

E o que fez o colega? Bom, a gente viu nos dias seguintes. Um dia o Dirceu apareceu com calça verde abacate e camisa rosa-choque, outro dia com calça cor de laranja e camisa vermelha. O falso amigo só indicou roupas de cores berrantes.

Uma vez, numa reunião de trabalho, colocamos as cadeiras em círculo, e durante a conversa alguns de nós reparávamos que o Dirceu ficava tentando abaixar a barra das calças, esconder as meias.

Perguntamos a ele o que estava acontecendo, e ele contou que um colega disse que ele estava com um meia verde e outra vermelha. Mentira. Usava meias cor de cinza.

Uma coisa que o Dirceu sonhava era tirar carteira de motorista e dirigir. Mas não podia: não conseguiria distinguir as cores dos semáforos.

Aí soube que o farol de cima era sempre verde; o do meio, amarelo; e o de baixo, vermelho.

Não me lembro se na época não existia exame de vista ou se ele comprou um exame, mas o certo é tirou a carteira.

Comprou um carro e saiu com ele todo feliz da concessionária. Passou por vários semáforos.

Mas um pouco adiante, um problema: o semáforo não era vertical, os faróis ficavam em linha horizontal. O que fazer?

Achou que estava verde para ele e avançou, mas estava vermelho, e levou uma batida mais ou menos forte do carro que vinha na outra rua.

Acabou aí sua alegria de motorista, que durou menos de uma hora. Nunca mais dirigiu.
 

Edição: Geisa Marques