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Crime ambiental de Mariana é o primeiro definido como "violação de direitos humanos"

A decisão foi do Conselho Nacional de Direitos Humanos e pode representar sanções econômicas internacionalmente

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Dezenove pessoas morreram no crime ambiental em Mariana, Minas Gerais
Dezenove pessoas morreram no crime ambiental em Mariana, Minas Gerais - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, é o primeiro crime ambiental brasileiro apontado como de violação de direitos humanos pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), no dia 11 de dezembro. Para o CNDH, trata-se de uma “violação de direitos humanos de excepcional gravidade”.

Essa classificação pode ser usada contra o Brasil em tribunais internacionais por representações que podem desembocar em até mesmo sanções econômicas ou diplomáticas. Um exemplo é o Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda, que trata graves violações de direitos humanos como crime contra a humanidade. 

De acordo com o relator do caso no Conselho, Leandro Scalabrin, o órgão “já havia feito relatórios sobre os casos de Mariana, Brumadinho, Barcarena e havia reconhecido seus impactos como violação a direitos humanos específicos, mas não desse modo, em que o fato criminoso foi reconhecido como grave violação". 

Vale lembrar que esta é a primeira vez que o CNDH delibera uma resolução reconhecendo um crime como grave violação de direitos humanos. O Conselho também enviou o reconhecimento à Justiça Federal de Ponte Nova, ao Tribunal Regional Federal - 1 e ao Superior Tribunal de Justiça, onde tramitam os processos e recursos sobre o crime em Mariana. 

Em setembro de 2019, a Justiça Federal rejeitou uma denúncia do Ministério Público Federal contra seis executivos da Vale do Rio Doce e dois da BHP Billiton – empresas que tinham participação na operadora das barragens, a Samarco. Caso a decisão se mantenha, ninguém responderá legalmente pelas 19 mortes causadas naquele novembro de 2015.

Edição: Julia Chequer