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TV Escola é despejada do prédio do MEC em Brasília; continuidade do canal é incerta

Associação Roquette Pinto afirma que governo não deu justificativa para as ações; continuidade do canal é incerta

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Equipamentos da TV Escola são retirados do prédio do Ministério da Educação em Brasília
Equipamentos da TV Escola são retirados do prédio do Ministério da Educação em Brasília - Roquette Pinto/Arquivo pessoal

A TV Escola foi despejada do prédio do Ministério da Educação (MEC) em Brasília, nesta sexta-feira (13), depois que o governo decidiu encerrar o contrato com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), responsável pelo canal.

Tão logo, funcionários da associação passaram a trabalhar para retirar todos os equipamentos do espaço. A continuidade de TV é incerta.

A saída faz cumprir uma decisão judicial de outubro, movida por ordem do ministro Abraham Weintraub, para que a associação desocupe o escritório. A Roquette Pinto havia conseguindo uma liminar para se manter no local até que encontrasse outro imóvel, mas a medida foi cassada na quinta-feira (12).

Segundo a associação, o motivo da expulsão não foi informado. A Roquette Pinto alega que “tentou inúmeros contatos com assessores do Ministério e com o próprio ministro”, mas não recebeu resposta alguma.

Ainda conforme a Roquette Pinto, a decisão do MEC de encerrar o acordo com a associação foi comunicada por carta, também nesta sexta-feira, sem justificativa. O contrato se encerra em 31 de dezembro.

Em nota, o Ministério da Educação confirmou o fim do contrato, mas não quis dizer o motivo. Também não comentou o despejo. Afirmou apenas que, mesmo sem a associação, “estuda a possibilidade de as atividades do canal serem exercidas por outra instituição da administração pública”.

Série ideológica

O fim do contrato com a Roquette Pinto se dá na mesma semana em que a TV Escola passou a exibir “Brasil: A Última Cruzada”, uma série que se propõe a recontar a história a partir da visão de figuras da direita conservadora, como o escritor Olavo de Carvalho e o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), descendente da família real.

A partir de entrevistas com os representantes da ideologia que está no poder, os episódios relativizam a escravidão e o genocídio indígena em prol de uma versão romantizada dos “conquistadores” portugueses e o papel da Igreja Católica.

A exibição provocou manifestações e motivou uma nota de repúdio da Associação Nacional de História (Anpuh-Brasil), publicada na terça-feira (10).

No comunicado, os historiadores expressam “enorme indignação” com a presença de Olavo de Carvalho na TV Escola. “Os historiadores, historiadoras e os docentes do país já estão cientes de que Olavo de Carvalho quer manter a população desinformada. Quais das besteiras recorrentes este senhor irá reiterar em suas palavras, destituídas de erudição, reflexão e compromisso com a Nação?”.

Para a Roquette Pinto, no entanto, não há relação entre o fim do contrato e as reações à exibição da série. O MEC não quis se manifestar sobre o assunto.

Edição: Rodrigo Chagas