Dezenas de organizações feministas reuniram militantes em São Paulo nesta segunda-feira (25) para um protesto contra o desmonte dos mecanismos de prevenção à violência direcionada às mulheres.
Com a frase de ordem “Basta de violência contra a mulher, basta de Bolsonaro!”, as manifestantes criticaram a retirada de direitos, o sucateamento de serviços como creches e hospitais e apontaram o aumento dos índices de violência como consequência direta da escalada do discurso conservador.
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A historiadora Sarah de Roure, militante da Marcha Mundial das Mulheres, afirma que o Brasil retrocedeu nas políticas de enfrentamento à violência e que a discussão atualmente voltou a patamares básicos.
“Esse retrocesso tem nome e sobrenome. Esse retrocesso se chama Jair Bolsonaro e o projeto político que ele representa. É o silêncio e a conivência de setores da política e da sociedade brasileira que permitiram a eleição dele, mas também daqueles que articularam para a eleição dele”, assinala.
Durante o protesto, as manifestantes ressaltaram ainda as consequências de políticas como a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista no cotidiano da população feminina.
Esse retrocesso se chama Jair Bolsonaro e o projeto político que ele representa
Sarah explica que sucateamento da economia, proposto pelo governo como uma reestruturação vem acompanhado de um discurso machista e de reforço da família tradicional que aumenta o controle sobre as mulheres.
“Eles precisam de uma ideia de uma mulher bela, recatada e do lar para justificar os cortes nas leis trabalhistas e porque as mulheres não terão mais acesso as mesmas condições de entrada no mercado de trabalho. Eles precisam de uma ideia de que a família está sendo ameaçada e de que as mulheres precisam cuidar da família para dizer porque não vamos nos aposentar mais cedo com a reforma da previdência. Tem uma coisa forte nesse momento, de como o retrocesso e o controle das mulheres está no coração do projeto político que está em curso hoje.”
Números
O Brasil registra hoje mais de 220 mil casos de violência contra a mulher por ano e mais de 88% dos agressores são os próprios companheiros ou ex-companheiros.
A cada dia três mulheres são vítimas de feminicídio e a cada 09 minutos há uma nova vítima de estupro entre as brasileiras. O 25 de novembro foi escolhido como Dia Internacional de combate à violência contra as mulheres em homenagem às irmãs Mirabal da República Dominicana.
Na década de 1950 elas formaram um grupo de oposição ao governo ditatorial de Rafael Trujillo. Foram presas e torturadas diversas vezes e, em 1960, mortas por agentes do regime.
Edição: Rodrigo Chagas