Rio de Janeiro

IMPUNIDADE

Júri inocenta suspeito de ser mandante do assassinato de Cícero Guedes em Campos (RJ)

Militante foi morto a tiros em 2013; em nota, MST manifesta profunda tristeza com a sentença

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Cícero Guedes foi assassinado por três pistoleiros no dia 25 de janeiro de 2013 nos arredores da Usina Cambaíba, em Campos (RJ)
Cícero Guedes foi assassinado por três pistoleiros no dia 25 de janeiro de 2013 nos arredores da Usina Cambaíba, em Campos (RJ) - Arquivo MST/RJ

O Tribunal do Júri inocentou na tarde da última quinta-feira (7) José Renato Gomes de Abreu, principal suspeito de ser o mandante do assassinato de Cícero Guedes, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) morto em Campos dos Goytacazes (RJ) há seis anos. O júri popular decidiu pela absolvição do réu por 4 votos a 2.

Com camisas pedindo justiça para o crime que tirou a vida do militante sem terra, uma vigília foi montada e cerca de 100 pessoas acompanharam a audiência no plenário do Fórum Maria Tereza Gusmão, na Avenida XV de Novembro, em Campos. O julgamento teve início pela manhã com o depoimento das testemunhas.  

O próprio delegado envolvido no inquérito reafirmou em depoimento que José Renato teria sido o mandante do crime. Entretanto, a decisão que inocentou o réu foi tomada em poucos minutos pelo júri. Após o veredito, militantes que estavam acompanhando a audiência fizeram um protesto e manifestaram profunda tristeza sobre a sentença.

Cícero Guedes foi assassinado por três pistoleiros no dia 25 de janeiro de 2013 nos arredores da Usina Cambaíba, onde coordenava o acampamento Luiz Maranhão. De acordo com as investigações, Cícero foi vítima de uma emboscada no meio da estrada.

Impunidade

Em nota, o MST ressalta que a luta por memória e justiça para Cícero Guedes mobilizou diversas organizações, parceiros, acadêmicos, sindicatos e movimentos sociais. Apesar de lamentar a decisão do júri, o movimento entende que o legado de Cícero vai além do sistema de Justiça.  

"Esse resultado reforça o quanto trabalhadores e trabalhadoras rurais não conseguem ter o reconhecimento de seus direitos diante do sistema de justiça brasileiro, marcado pela oligarquia rural e empresarial, que insiste num sistema baseado em dois pesos e duas medidas, mantendo as cercas desse poder inacessível a classe trabalhadora. "Na amplitude da vida e da luta continuaremos nas trincheiras carregando o legado que Cícero nos deixa", conclui a nota.  

Edição: Mariana Pitasse