Dezenove manifestantes do Greenpeace foram detidos, na manhã desta quarta-feira (23), em Brasília, após realizarem um ato na porta do Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes, contra a política ambiental do governo Bolsonaro.
Eles foram abordados pela Polícia Militar (PM) em frente ao Congresso Nacional, após o protesto, e levados para a 5ª Delegacia de Polícia Civil, na Asa Norte, onde estariam sendo fichados pelos agentes, segundo informações apuradas pelo Brasil de Fato.
Ainda não há informações oficiais sobre o motivo da prisão. O caso provocou mobilização entre parlamentares da bancada do Psol na Câmara dos Deputados e o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), cujos gabinetes estão acompanhando o andamento da detenção.
No protesto, os ativistas destacavam especialmente a conduta do governo diante do vazamento de óleo no litoral do Nordeste, que ocorre desde o final de agosto e atinge atualmente cerca de 200 localidades da região. Num ato político e simbólico, os membros do Greenpeace derramaram, em frente ao Planalto, um produto que lembra o óleo para chamar atenção para o caso.
O governo ainda não se manifestou oficialmente sobre a detenção, mas o caso provocou um novo embate entre o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o Greenpeace. Em postagem feita pelo Twitter, o mandatário chamou os ativistas de “ecoterroristas” e sugeriu que eles estivessem provocando depredação ao patrimônio público.
Nao bastasse não ajudar na limpeza do petróleo venezuelano nas praias do Nordeste, os ecoterroristas ainda depredam patrimônio público. pic.twitter.com/0vnMe3bceU
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) October 23, 2019
Em resposta, o Greenpeace disse que Salles mente ao sugerir também que a organização não estaria contribuindo com a retirada da sujeira das praias atingidas pelo óleo. “Mais uma vez com mentiras, ministro? Já mostramos que temos voluntários ajudando na limpeza desde a época em que você estava no seu tour da Europa”, reagiu a ONG, afirmando ainda que Salles seria “inimigo do meio ambiente”. Na sequência, o Greenpeace afirmou que Salles teria bloqueado o perfil da ONG no Twitter após as respostas da entidade.
“Embora o ministro não vá ver nossa resposta, vamos responder sua pergunta sobre depredação de patrimônio público: o óleo que estamos usando na atividade é feito de maisena, água, óleo de amêndoas e corante líquido preto. Ao contrário do que está contaminando as praias do Nordeste, não é tóxico nem permanente e pode ser limpo com água e sabão. Nos comprometemos a limpar a frente do Palácio do Planalto se o governo apresentar ações efetivas e transparentes para remover as manchas de óleo. Como sociedade, é nosso dever constitucional defender o meio ambiente e é isso que estamos fazendo hoje”, disse a organização.
A entidade também publicou nas redes um vídeo que mostra a concentração dos manifestantes na delegacia, onde eles mantiveram o protesto e empunharam cartazes contra a política ambiental de Bolsonaro.
Edição: Rodrigo Chagas