O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou sua disposição em não progredir de regime, em declaração a uma TV pública francesa. Na entrevista veiculada pela emissora France24, nesta sexta-feira (11), o petista afirmou que deseja provar sua inocência. “[Quero] sair da mesma forma que entrei: de cabeça erguida”, afirmou.
“Eu não quero uma sentença mais leve. Eu quero minha inocência. Ou os covardes que me prenderam provam que eu cometi um crime -- porque eu provei que não cometi --, me libertam e pedem desculpas para o povo brasileiro, ou arranjam outra solução”, afirmou quando questionado sobre a sua posição em relação ao tema. “É uma questão de tempo. Onde eu nasci, quem não morre antes dos cinco anos pela fome, não vai morrer por uma denúncia. Eles vão aprender o que é mexer com um cidadão honesto e decente. Vou provar que os ladrões são aqueles que me prenderam”.
Lula afirmou que, apesar de ter achado que sairia da prisão mais cedo por meio de sua absolvição em instâncias superiores do Judiciário, o cumprimento da pena em Curitiba (PR), para ele, foi uma decisão política.
“Após o golpe, eu sabia que o próximo passo seria discutir com o que fazer comigo. Eu poderia ter ido a outro país, a uma embaixada. Mas eu decidi vir para cá para provar minha inocência. E eu vou provar”, complementou.
O ex-mandatário ainda fez uma breve análise sobre 2022, ano de eleições presidenciais, se esquivando de determinar se pretende ou não ser candidato, inclusive em cenário hipotético em que o ex-juiz Sérgio Moro, confirmando os rumores, dispute o pleito presidencial.
“Neste momento, não vou dizer que vou nem que não vou. Por enquanto o que quero é devolver a esse país a dignidade. Moro não terá coragem de ser candidato à Presidência da República. E se tiver, irá perder, porque não tem proposta”, disse.
Questionado sobre a crise na Amazônia, Lula afirmou que o governo está tomado pela “insanidade” e lembrou que foi sob seu governo que o apoio da Alemanha e da Noruega foi negociado: “A Amazônia é brasileira. É um território onde exercemos nossa soberania. Mas o Brasil tem que saber que a Amazônia importa para todo o planeta”.
O petista ainda agradeceu “ao povo, aos vereadores e à prefeita” de Paris pela concessão do título de cidadão honorário.
Edição: Vivian Fernandes