O Instituto Tricontinental de Pesquisa Social lançou, nesta terça-feira (8), seu vigésimo primeiro dossiê temático, focado na análise do mundo rural indiano. O documento chamado "A catástrofe climática e o ataque neoliberal à Índia rual" aponta para um contexto de crise agrária no país oriental.
O levantamento aponta como causa desse cenário o avanço de políticas neoliberais para agricultura, baseadas na mercantilização absoluta das terras e sua produção, levando boa parte do campesinato indiano a uma situação insustentável. Um dos fenômenos mais sintomáticos deste fenômeno é o elevado número de agricultores que tiram a própria vida.
Segundo o dossiê, desde 1995, mais de 300 mil agricultores cometeram suicídio e 15 milhões de agricultores abandonaram seus campos. “As empresas multinacionais do ramo, nestas últimas, com seu controle sobre a cadeia global de commodities, sobre as sementes e sobre o comércio, beneficiam-se independentemente do clima irregular e dos preços flutuantes das commodities. Os agricultores, por outro lado, sofrem frequentemente”, diz o texto.
O dossiê se baseia em histórias coletadas por P. Sainath, integrante sênior do Instituto. A primeira delas retrata uma região do país na qual a devastação florestal faz com que haja chuvas de areia no local, impossibilitando a produção dos camponeses.
“A perda de arbustos e florestas é um problema em toda a região de Rayalaseema. Somente no distrito de Anantapur, 11% da área é classificada como “floresta”. A cobertura florestal real diminuiu para menos de 2%. As areias sempre estiveram lá, sim. Mas a força delas, produzindo tempestades de areia, aumentou. Os fazendeiros não veem valor nas barreiras naturais ao vento”, aponta o relatório.
O segundo relato, por outro lado, aponta saídas para o cenário agrário indiano. Uma cooperativa de mulheres foi capaz de superar a devastação causada por uma enchente.
“Para onde quer que se olhe, o dano é assustador. Mas a coragem e o espírito dessas mulheres parecem aumentar em proporção inversa à devastação que sofreram nas enchentes de agosto - a pior de Kerala em um século”, relata Sainath.
O integrante sênior do instituto apresenta três eixos estruturais para uma saída coletiva para a crise agrária e ambiental na Índia: “A agricultura deve ser agroecológica em sua abordagem”, o abandono de “produtos químicos tóxicos e sementes perigosamente mecanizadas” e, por fim, uma reforma agrária “principalmente a que cria cooperativas e coletivização”.
Acesse a íntegra do estudo neste link.
Edição: Rodrigo Chagas