Dois protestos agendados no Rio de Janeiro para o início da noite desta quinta-feira (3) se uniram em uma só manifestação com milhares de pessoas. Os atos, que haviam sido convocados para reivindicar por Educação e contra a decisão do governo Bolsonaro de privatizar 17 empresas públicas, em diferentes locais da região central da cidade, se tornaram uma só concentração em frente a Candelária. Depois de um tempo reunidas, cerca de 20 mil pessoas saíram em caminhada até o edifício sede da Petrobras.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão explica que os protestos foram unificados porque são pautas que estão diretamente relacionadas.
“Construímos a 'Greve Geral da Educação', nos dia 2 e 3, como mais uma denúncia e forma de resistência aos ataques que tem acontecido. No aniversário da Petrobras achamos que poderíamos conectar as lutas porque falar de Petrobras é falar de soberania, também dos recursos do pré-sal que deveriam ser destinados à Educação mas estão sendo entregues a empresas estrangeiras. Soberania e educação são pautas urgentes para o nosso país”, afirmou ao Brasil de Fato.
Quando os manifestantes saíram em caminhada até a sede da Petrobras, puxando o ato com uma faixa que dizia “Luto pelo Brasil” estavam os parlamentares Gleise Hoffmann (PT), Jandira Feghali (PCdoB), Benedita da Silva (PT), também os ex-senadores Roberto Requião (MDB) e Lindberg Farias (PT). Antes de chegar ao edifício sede da Petrobras, os manifestantes fizeram paradas estratégicas em frente as sedes da Eletrobras e da Caixa Econômica Federal, duas estatais que também estão na mira da privatização do governo Bolsonaro.
Ao microfone, em cima do carro de som, a deputada federal Jandira Feghali destacou a importância do protesto no dia de aniversário de 66 anos da Petrobras. Neste ano, a maior estatal do país completa mais um ano em meio ao desmonte com a venda de refinarias e distribuidoras.
“É um orgulho estar na frente da Petrobras hoje. O Brasil é muito maior do que esses governos que estamos tendo. Por mais que tentem destruir o que é nosso, não vão conseguir, vamos defender nosso patrimônio. Eles não conhecem nossa capacidade de luta. Nós vamo responder à altura. Esse ato é em defesa da nossa história, da nossa raiz e da nossa identidade”, disse a parlamentar.
Logo após a faixa segurada pelos parlamentares, estava o primeiro bloco da manifestação formado por petroleiros e funcionários da Petrobras. Edmilson Carmelito era um deles. Integrante do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), ele saiu de Caraguatatuba (SP) para participar da manifestação no Rio de Janeiro.
“Privatizar as estatais é vender o patrimônio público para empresários. Essa ideia de que barateia serviços é uma mentira, podemos ver o exemplo da telefonia e tantos outros. Eles querem apenas lucrar, não tem interesse igual a maioria da população. Estamos na mira de um governo que está acabando com as garantias que conquistamos. Se a gente não barrar isso, vamos perder tudo”, afirmou Edmilson.
Além da privatização fracionada da Petrobras, os funcionários estão em queda de braço com a direção da empresa estatal para tentar garantir benefícios e o reajuste salarial. Na última terça-feira (2), dia em que a Federação Única dos Petroleiros (FUP) anunciou a agenda de assembleias para decidir os próximos passos nas negociações, a Petrobras informou que tem utilizado recursos previstos na reforma Trabalhista de 2017 para realizar acordos individuais.
Em seguida, o conselho deliberativo da FUP decidiu indicar para assembleias a rejeição da proposta de acordo coletivo apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e a aprovação de uma greve caso as negociações com a Petrobras não avancem.
“Não temos mais acordo coletivo. Temos uma proposta que será discutida em assembleia, mas o TST basicamente chancelou a proposta da Petrobras. Se abrirmos mão, vamos ser rebaixados e perder direitos cada vez mais”, acrescentou o petroleiro.
Edição: Mariana Pitasse