O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou o ex-juiz Sergio Moro de “mentiroso” e “canalha” durante entrevista ao jornalista Renato Rovai ao site da Revista Fórum.
Na entrevista, realizada na quarta-feira (18), Lula também ataca o procurador Deltan Dallagnol, chamando-o de “chefe de uma quadrilha”, por ter se juntado a outros procuradores do Ministério Público Federal, em torno da Lava Jato, para condená-lo sem provas – segundo revelam reportagens publicadas desde junho, a partir de vazamentos de conversas obtidos pelo Intercept Brasil.
“Cometeram crimes. São uma quadrilha organizada para pegar dinheiro da Petrobras e dinheiro dos acordos de leniência”, afirmou Lula.
O ex-presidente lembrou que seu governo foi o que mais criou mecanismos de combate à corrupção e que sempre defendeu um Ministério Público independente e forte. “Ele (o MP) é tão forte, tão importante, que quem trabalha para ele tem que ter muita responsabilidade. E o Poder Judiciário tem que ser neutro. Eles estão jogando no lixo essa seriedade”, disse.
Para o ex-presidente, cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) dar um basta à atuação ilegal dos integrantes da força tarefa e do próprio Moro, hoje ministro da Justiça. “Moro e Dallagnol ameaçaram a todos, mas agora é hora de colocar a casa em ordem”.
Bolsonaro e Ciro
Durante a entrevista, Lula criticou o comportamento do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o fato do governo só falar em cortes e não apresentar projetos para o desenvolvimento do país e o combate às desigualdades.
“Você não ouve nesse governo há quase 9 meses uma palavra chamada desenvolvimento, uma palavra chamada crescimento, distribuição de renda, aumento de salário. Só existe a palavra de controle de gastos, palavra de ajuste, e o ministro da Economia com uma loucura de juntar 1 trilhão. Eu não sei para que que ele quer 1 trilhão. Do que vale juntar 1 trilhão se o povo está passando fome, se o povo está desempregado, se o povo está sem salário, sem condições onde morar, até dinheiro de pesquisa?”, perguntou.
Lula mandou um recado a Bolsonaro, dizendo que o tempo da “molecagem” acabou e que é hora de começar a se portar como presidente, já que foi eleito para isso.
Questionado sobre os ataques que o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, tem feito a ele e ao PT, Lula afirmou ter “profundo respeito” pelo pedetista, mas o considera “politicamente meio confuso”. Para exemplificar, lembrou de uma história relativa às eleições presidenciais de 2010.
“Eu e o Eduardo Campos (ex-governador de Pernambuco) fizemos uma reunião e convencemos ele a vir para São Paulo para ser governador. Ele aceitou se filiar em São Paulo, mas desceu do aeroporto e foi esculhambar o PT, eu e o Alizio Mercadante (que disputaria o governo do Estado naquele ano). Então, não dá”.
Edição: João Paulo Soares