O Ministério da Agricultura registrou mais 63 agrotóxicos nesta semana. A aprovação dos venenos acontece em ritmo acelerado. Apenas neste ano, o governo de Jair Bolsonaro já liberou 325 agrotóxicos. Este é maior volume já documentado pelo Ministério da Agricultura, que divulga números desde 2005.
Do total, dois são princípios ativos que devem servir de base para produtos inéditos. Cinco são novos produtos que estarão à venda. Os outros 56 são genéricos de pesticidas que já existem no mercado.
Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, nesta quarta-feira (18), o vice-presidente da regional Sul da Associação Brasileira de Agroecologia, Leonardo Melgarejo, alerta para os riscos que estes produtos trazem para a saúde.
O engenheiro agrônomo, que também é colaborador da Campanha Nacional Contra os Agrotóxicos, destaca que a liberação de novos venenos agrícolas está sendo feita sem o registro de novos problemas com pragas e doenças nas lavouras.
“Significa um acúmulo de alternativas onde o que vale mais são os interesses de mercado, e não a preocupação com a saúde. Está acontecendo uma disputa de mercado entre as empresas. Se esses produtos novos fossem, de fato, mais seguros para a população ou mais eficientes para a lavoura, os outros deveriam ser retirados do mercado”, avalia.
Melgarejo acrescenta que trata-se de "venenos antigos que estão sendo canalizados para cá por restrições de mercados em outros locais”.
O especialista diz ainda que as limitações apontadas pelo governo não passam de retórica. Uma delas é a proibição da aplicação dos venenos durante a floração das safras. "Sem haver fiscalização e controle, não há garantia de que [as proibições serão cumpridas], nem a respeito da restrição à floração, nem em relação às distâncias de escolas”, exemplifica.
O pesquisador também falou sobre os riscos à saúde provocados pelos venenos, uma vez que a água consumida pela população pode carregar substâncias aplicadas a quilômetros de distância. Ele conclui que "toda campanha favorável ao uso de venenos é desfavorável aos interesses da sociedade, porque é perigosa à saúde pública".
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Edição: Katarine Flor