O estádio do Pacaembu, localizado na cidade de São Paulo (SP), foi entregue à iniciativa privada nesta segunda-feira (16). O contrato, assinado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), condiciona o complexo esportivo à administração do consórcio Patrimônio SP, formado pelo fundo de investimentos Savona e pela empresa de engenharia Progen, pelos próximos 35 anos.
Uma das principais mudanças previstas é a demolição do Tobogã --- trecho de arquibancada inaugurado no início da década de 1970 --- para a construção de um prédio de escritórios e negócios. Com o projeto, a capacidade do estádio deve diminuir de 39 mil para 26 mil lugares.
O futebol deixará de ser a atividade prioritária do estádio para corresponder a apenas 15% da receita. A intenção do consórcio é de fazer até 15 partidas de futebol profissional masculino por ano. Só este ano já foram realizados 46 jogos, 21 deles nos últimos 60 dias, sendo a maioria de modalidade feminina. Os números são um recorde na história recente do Pacaembu: em 2018 foram 39 jogos no total contra 22 partidas no ano anterior.
O vencedor do processo de licitação prevê entregar o estádio reformado em julho de 2022. Com as obras, o Pacaembu deve ficar fechado por pelo menos 24 meses. A associação de moradores Viva Pacaembu entrou com uma ação na Justiça contra o processo de privatização.
A construção é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). A empresa tem 30 dias para apresentar o plano de negócios do estádio que, até janeiro, deve obter a administração total do Pacaembu.
A justificativa da prefeitura para a privatização é que o complexo esportivo dá prejuízo aos cofres públicos. A nova receita será composta por shows, aluguel de espaços, estacionamento e eventos como casamentos, apresentações musicais, festas infantis e lançamentos de marcas.
Para arrematar a licitação, o consórcio Patrimônio SP depositou R$ 79,2 milhões pela outorga do complexo. O valor estabelecido para a administração do Pacaembu pelos próximos 35 anos foi de R$ 115 milhões. A área privatizada inclui, além do campo de futebol, uma piscina, duas quadras de tênis e um ginásio poliesportivo. O Museu do Futebol e a Praça Charles Miller não fazem parte da concessão.
:: Consórcio privado vence leilão pelo Pacaembu por valor abaixo do previsto por Doria ::
O Pacaembu, como é conhecido o estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, é a primeira concessão da prefeitura desde que o ex-prefeito e agora governador, João Doria (PSDB), assumiu o cargo, em janeiro de 2017. Outros equipamentos da cidade também estão na mira da desestatização, como parques, o Autódromo de Interlagos, o complexo do Anhembi, mercados municipais, terminais de ônibus e cemitérios, entre outros.
Edição: Rodrigo Chagas