Destruição

Abramovay: Garimpo em áreas indígenas significará o fim da cultura dessas populações

A avaliação é do especialista Ricardo Abramovay, que chama a atenção para outras formas de renda para essa população

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Abramovay aponta a necessidade de se preservar os meios tradicionais das populações que vivem na Amazônia Legal.
Abramovay aponta a necessidade de se preservar os meios tradicionais das populações que vivem na Amazônia Legal. - Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro voltou a repetir o que já se tornou um mantra de suas declarações sobre a Amazônia Legal: “queremos legalizar garimpo”. 

Na última quinta-feira, 29, em uma transmissão ao vivo, ao lado do Ministro General Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou que “se o índio quer (garimpo), vamos atender interesse do índio”.

Essa declaração, segundo o professor do Departamento de Economia da FEA-USP, Ricardo Abramovay, “é uma falácia com a qual o governo vem abordando a questão”.

"Dizer que uma vez que o garimpo gere renda e isso é de interesse das populações tradicionais que vivem sobre o garimpo, é uma falácia que a sociedade brasileira tem que combater. É possível que isso signifique que esta será a última geração capaz de manter a cultura característica dessas populações tradicionais", avalia o professor.

No segundo vídeo da série “Floresta em Perigo”, Abramovay aponta a necessidade de se preservar os meios tradicionais das populações que vivem na Amazônia Legal. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são mais de 25 milhões de pessoas, divididas entre os estados de Amazonas, Acre, Tocantins, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e Maranhão.

A preocupação sobre a qualidade dos alimentos que comemos se tornou mais constante, após a liberação de mais de 262 novos agrotóxicos pelo governo Bolsonaro neste primeiro semestre de 2019. A medida também causa apreensão para os países que importam os alimentos brasileiros. 

Para Abramovay, a “Economia de Dados”, que já é utilizada por países europeus, ao diagnosticar todo o caminho que percorreu determinado produto - desde o plantio até o transporte - também deve atingir os produtores brasileiros. E, segundo o professor, aqueles adeptos ao uso de veneno terão dificuldades para exportar seus produtos. 

“Um país do tamanho do Brasil e da importância da sociedade e da economia brasileira no cenário internacional, não conseguirá atingir o desenvolvimento - e eu não estou nem falando de crescimento econômico - se o essencial daquilo que ele importa estiver baseado em produtos que contém pouca tecnologia, pouco informação e pouco conhecimento”.

Confira o segundo vídeo da série “Floresta em Perigo”:
 

Edição: Luiz Felipe Albuquerque