Parte do Museu Histórico Nacional, localizado no Rio de Janeiro, pode voltar a receber o público em 2022. O anúncio foi feito nesta semana, quase um ano depois do incêndio que destruiu cerca de 20 milhões de itens do acervo da instituição - formado por fósseis, múmias, registros históricos e obras de arte.
A direção do Museu Nacional e pela reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) anunciaram que a expectativa é de que a reabertura de parte do museu seja feita na data de comemoração do bicentenário da Independência do Brasil. As obras de reconstrução da fachada do prédio histórico devem começar no mês de setembro deste ano.
Segundo a reitora da UFRJ, Denise Pires, com o avançar dos trabalhos de recuperação e parcerias estabelecidas já é possível vislumbrar a reabertura parcial.
“Em 2022 podemos inaugurar pelo menos uma parte do Palácio com exposições que vão festejar o bicentenário da independência brasileira. Essa é a nossa intenção. Já no próximo ano queremos reinaugurar a parte administrativa e acadêmica do Museu Nacional para melhorar a infraestrutura das atividades de pesquisa e ensino da graduação e pós graduação, além as atividades de extensão. Vamos trabalhar duro para isso”, disse durante uma coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira (28) na Academia Brasileira de Ciências.
Na coletiva também foram anunciadas a construção de novos laboratórios e um centro educacional em um terreno que acaba de ser doado pela União, próximo a Quinta da Boa Vista - local em que se localiza o Museu. As obras do prédio serão arcadas com R$ 68 milhões arrecadados, desse total R$ 55 milhões foram garantidos por uma emenda conquistada por uma bancada de deputados federais do Rio de Janeiro.
Ainda foi apresentado um balanço de outras doações recebidas por emendas individuais de deputados, pessoas jurídicas, físicas e dos governos da Alemanha e Inglaterra. Esses recursos foram gastos no trabalho emergencial de recuperação. De acordo com os gestores foram necessários mais recursos, embora ainda não seja possível detalhar quanto falta para reconstrução total da instituição.
O diretor do Museu Alexander Kellner agradeceu os apoios recebidos e reforçou que o Brasil precisa demonstrar que aprendeu com a tragédia, inclusive para receber as novas doações de acervo que estão vindo de outros países.
“Estamos pedindo e insistindo muito que isso seja material original. Mas como vamos convencer os colegas de fora do Brasil a doarem material para recomposição do acervo do museu, depois de uma tragédia dessas? Só tem uma maneira: precisamos reconstruir o palácio com as melhores normas de seguranças para pessoas, visitantes e técnicos, também para as novas coleções, ao fazer isso, conseguimos convencer os colegas de ajudar e eles querem ajudar: França, Alemanha, Inglaterra, China. Mas é um trabalho que a gente tem que merecer”, alertou.
Incêndio
Em abril deste ano, a Polícia Federal concluiu que o incêndio que destruiu o Museu Nacional teve início em um dos aparelhos de ar-condicionado localizados no auditório térreo do prédio de três andares.
O fogo começou por volta das 19h30 do domingo, 2 de setembro de 2018, e só foi controlado no fim da madrugada de segunda-feira (3). Mas pequenos focos de fogo seguiam queimando partes das instalações da instituição que completou 200 anos em 2018 e foi residência de um rei e dois imperadores.
Segundo a administração do museu, 46% das coleções científicas foram totalmente ou quase totalmente destruídas, 35 % passam por processo de resgate e 19% não foram atingidas pelo incêndio.
Edição: Mariana Pitasse