Grileiros de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, podem iniciar a qualquer momento um grande ataque a aldeias xikrin da Terra Indígena Trincheira Bacajá, segundo temor do Ministério Público Federal (MPF) na região.
Na segunda-feira (26), os promotores requisitaram uma força da Polícia Federal, em caráter de urgência, mas a PF não se manifestou até o final de terça (27), segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
Os ataques por parte de grileiros seriam uma resposta à ação desencadeada por dezenas de guerreiros xikrin na semana passada, quando marcharam mais de 40 quilômetros pela mata para retomar a área nas bordas da reserva que havia sido invadida por grileiros.
Os invasores saíram sem oferecer resistência e os xikrins voltaram para a aldeia carregados de motosserras, espingardas, ferramentas, panelas e galinhas. As ameças de contra-ataque teriam começado no último domingo (25) em grupos de Wathsapp.
“Ao Ministério Público Federal, trata-se de conflito da mais alta gravidade, tendo em vista que houve ação por parte dos indígenas no sentido de expulsar os invasores de suas terras, após mais de um ano aguardando atuação policial na região”, escreveu a procuradora Thaís Santi no ofício enviado à PF.
Os xikrins denunciam a invasão de suas terras desde junho do ano passado. A PF abriu inquérito, mas até agora não houve nenhuma ação para retirada dos grileiros.
Bekara Xicrin, líder da expedição que retomou as terras, diz ter ouvido de um dos grileiros: “A terra está liberada, o Bolsonaro liberou, por isso que a gente veio. A gente quer trabalhar, quer ajudar indígena”.
As terras invadidas estariam sendo preparadas para a pecuária, principal atividade econômica de São Félix do Xingu.
As primeiras invasões começaram no ano passado, com abertura de uma estrada para extração ilegal de madeira. Depois vieram os grileiros, que fizeram as demarcações do terreno e iniciaram a venda de lotes.
Edição: João Paulo Soares