Existe um ditado: “nunca julgue um livro pela capa”, muito usado quando queremos dizer que não devemos nos levar pelas aparências, pois elas nos enganam, e só lendo um livro conhecemos de fato seu conteúdo. Quando nos deparamos com algo que não conhecemos, devemos tentar entender e não apenas fazer um julgamento superficial.
Recentemente, um grupo de brasileiras e brasileiros que foi à Venezuela, tentou se aprofundar na leitura de algo muito difícil, a situação atual do país, com o qual dividimos parte da floresta amazônica; é rico em recursos naturais, minérios e petróleo; desafia os interesses dos países poderosos; e é apresentado, para a grande maioria de nós, como um lugar atrasado, dentro de uma ditadura, e cheio de pessoas miseráveis.
Contudo, esse foi um livro em que a capa colocada escondia uma realidade não condizente com a que víamos. A alegria do povo venezuelano contrasta com a situação difícil vivida. A resistência tornou-se o sobrenome dos habitantes dessa nação. O exercício do poder popular é a arma mais forte das pessoas, a educação e a garantia de direitos são os maiores bens que se pode possuir.
Apesar do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, desde 2014, a população busca alternativas para manter a revolução bolivariana. Tal bloqueio impossibilita o comércio com outros países, impede a entrada de medicamentos, comida e tecnologia para a manutenção de equipamentos. Como um sinal de resistência, pouco antes de morrer, Hugo Chávez lançou o projeto de radicalização da democracia na Venezuela: “Comuna ou Nada”. Ou seja, a partir da organização popular em comunas e do exercício direto de poder é que se pode construir uma vida digna e uma nação soberana.
Marcada por uma economia baseada na extração de petróleo, que forçou uma rápida urbanização, a Venezuela encontra-se agora no desafio de recuperar suas raízes agrícolas e construir uma cultura produtiva arrasada pelas elites que um dia governaram o país. O uso de espaços urbanos para pequenas lavouras, a reciclagem e a produção de tecnologias alternativas são pilares nesse momento de reorganização. A formação política é feita em todos os espaços: TV’s, praças, escolas, quadras... A Venezuela nos ensina que quando o povo se une, tudo é possível.
*João Paulo Farias é integrante do Congresso do Povo.
Edição: Marcos Barbosa