O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi blindado pela Lava Jato quando esta descobriu que uma empresa de sua propriedade, a GPG, participou de um esquema de lavagem de dinheiro investigado pela força tarefa. O nome da empresa remete às iniciais do ministro e de seu irmão e sócio Gustavo Guedes.
Em 2007, a GPG pagou meio milhão de reais (R$ 560,8 mil) a uma empresa de fachada denominada Power Marketing Assessoria, que era operada por um assessor do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). Segundo a Lava Jato, essa empresa emitia notas frias relativas a serviços fictícios e, com o dinheiro recebido, distribuía propinas a agentes públicos.
O esquema todo, de acordo com o MPF de Curitiba, servia para beneficiar o Grupo Triunfo nos processos de concessões de rodovias no estado. Entre 2005 e 2015, o grupo teria repassado à Power Marketing R$ 2,9 milhões. Entre as empresas desse grupo está a Triunfo Participações e Investimentos (TPI), da qual Paulo Guedes também foi acionista, além de integrar o Conselho de Administração.
Em abril do ano passado, a força tarefa apresentou denúncia sobre o caso e denunciou 18 pessoas, mas deixou Paulo Guedes de fora. O pagamento feito pela GPG é citado apenas numa nota de rodapé da denúncia, que tem 138 páginas. Na época, Guedes integrava a equipe do então candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL).
Os advogados de Carlos Felisberto Nasser, o assessor de Beto Richa que operava a Power Marketing, chegaram a incluir Paulo Guedes no rol de testemunhas, mas desistiram de ouvi-lo três dias antes da audiência, marcada para 27 de agosto. A defesa alegou que um ofício com questionamentos já teria sido enviado à GPG pela Justiça, o que dispensaria o depoimento de Guedes e seu irmão.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, esse ofício nunca foi entregue porque os oficiais de Justiça, após quase um ano de diligências, não teriam encontrado a GPG no endereço informado. A reportagem da Folha, no entanto, diz ter confirmado o endereço da empresa (que foi extinta e deu lugar à BR Corporate Advisory, cujo diretor é Gustavo Guedes) por meio de simples telefonema.
Procurada pelo jornal, a Lava Jato informou que não incluiu Paulo Guedes e a GPG na denúncia porque não havia “prova robusta” contra eles.
Edição: João Paulo Soares