No entanto, ainda tem muita água para correr debaixo dessa ponte até as eleições
No último domingo (11), a população da Argentina saiu às urnas para a votação no que eles denominam de PASO (Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias). Funciona como uma espécie de eliminatória para aquelas chapas que não alcançarem o mínimo de 1,5% dos votos, mas também, na prática, é uma grande pesquisa para saber como andam as preferências dos eleitores a 11 semanas das eleições definitivas.
O resultado dessas primárias surpreendeu tanto os partidários do atual presidente Maurício Macri quanto a oposição liderada por Alberto Fernández/Cristina Kirchner. A vantagem de 15% dos votos e a esmagadora vitória da oposição nas províncias, com exceção de Córdoba e a capital Buenos Aires, dificultam uma virada de Macri nas eleições de 27 de outubro.
A bolsa caiu, o dólar subiu e os ânimos dos apoiadores da política de Macri como os setores do agronegócio, da mídia, dos bancos e da indústria, passando por Donald Trump e Jair Bolsonaro, não andam muito bem.
Por outro lado, principalmente para a esquerda e progressistas, tanto em nível local quanto continental, acendeu-se uma fagulha de esperança de que pode começar pela Argentina a derrota da política neoliberal e do conservadorismo que assola o continente americano.
No entanto, ainda tem muita água para correr debaixo dessa ponte até as eleições. Com toda situação de miséria, fome, desemprego, inflação alta e a economia em colapso que vive a Argentina hoje, Macri ainda obteve 32% do votos e tem aliados poderosíssimos.
Mas é preciso acreditar no potencial mobilizador, principalmente dos setores que antes não estavam organizados sistematicamente, como os da chamada economia informal e sobretudo da população que vive nas periferias e favelas, por eles chamados de “villas”. Aí está o grande salto e acúmulo do trabalho dos movimentos populares argentinos e que certamente fará a diferença no pleito de outubro.
Edição: Vivian Virissimo