Depois de mais de dois meses de reiterados questionamentos sobre a conduta do procurador Deltan Dallagnol nos bastidores da Operação da Lava Jato – cujos detalhes vêm sendo revelados pelo vazamento de diálogos entre ele, os demais procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro –, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) finalmente iniciará uma investigação a respeito.
Entre outras condutas “inadequadas”, os vazamentos mostram Dallagnol articulando a abertura de uma empresa em nome da mulher para faturar com palestras; sugerindo investigações subterrâneas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF); e operando junto a movimentos de direta para pressionar o membros no mesmo STF e do Congresso Nacional; além de atuar em conluio com Moro para condenar o ex-presidente Lula sem provas e impedi-lo de disputar as eleições de 2018.
O pedido de procedimento contra o chefe da Lava Jato chegou ao CNMP em 10 de junho, poucos dias depois da divulgação dos primeiros diálogos pelo site The Intercept Brasil. A ação caiu nas mãos do corredor do órgão, Orlando Rochadel, que, em 27 de junho, decidiu arquivá-la sob pretexto de que as mensagens não tinham sua autenticidade comprovada.
Agora, com novas revelações surgindo diariamente, os conselheiros Erick Venâncio e Leonardo Accioly pediram a revisão da decisão e o procedimento voltará a tramitar.
Há mais duas reclamações contra Dallagnol no conselho. Uma foi apresentada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e acusa o procurador de interferir na eleição para presidente do Senado, em fevereiro deste ano, através de publicações nas redes sociais. Renan pede ainda o afastamento de Dallagnol de suas funções. O mesmo corregedor analisa o pedido.
A outra ação é sobre uma entrevista concedida à rádio CBN. Os conselheiros negaram um recurso de Deltan para arquivar este caso e ele seguirá tramitando.
Ainda não há data para que procedimentos contra Deltan sejam analisados no plenário.
Prorrogação da Lava Jato
Assim como no CNMP, na Procuradoria-Geral da República (PGR) o volume de denúncias contra os procuradores federais de Curitiba (PR) ainda não foi suficiente para a adoção de medidas disciplinares, questionamentos ou abertura de investigações.
Ao contrário, na segunda-feira (12) a PGR Raquel Dodge decidiu prorrogar a força tarefa da Operação Lava Jato, sem qualquer alteração na equipe, por mais um ano. É a quinta prorrogação desde sua criação, em 2014.
Ao todo, a equipe tem 69 integrantes entre procuradores, servidores, contratados e estagiários.
Edição: João Paulo Soares