Cinquenta mulheres indígenas de diferentes etnias, Tapuias Tarairiú, Tapuias Paiaku e Potiguaras, de onze comunidades do RN estão mobilizadas para a primeira Marcha das Mulheres Indígenas. A atividade acontece em Brasília, de 09 a 13 de agosto, onde são esperadas 2 mil mulheres de diferentes povos, de todo o Brasil.
Apesar de ser um momento histórico - a primeira vez que as mulheres indígenas se articulam nacionalmente para uma atividade específica delas -, as mulheres do RN estão até o momento sem possibilidade de participar. É que faltam as condições mínimas para a viagem: transporte, água e alimentos.
Uma das coordenadoras de mulheres da Articulação dos Povos Indígenas do RN (APIRN), Zuleide Bezerra, da comunidade Lagoa do Tapará, em Macaíba, fala sobre as dificuldades de ir à Marcha: “até agora não conseguimos o ônibus, o que lamentamos muito, pois nossa participação é primordial”. Segundo ela, a principal luta indígena do momento é esse transporte, “a gente não queria deixar de estar presente, de levar uma representação indígena do RN, para fazer parte dessa articulação, porque são muitos os desmontes que enfrentamos”.
O tema da primeira marcha é “Território: nosso corpo, nosso espírito”. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), o objetivo é dar visibilidade às ações das mulheres indígenas, discutindo questões inerentes às suas diversas realidades, reconhecendo e fortalecendo os seus protagonismos e capacidades na defesa e na garantia dos direitos humanos, em especial o cuidado com a mãe terra, com o território, com o corpo e com o espírito.
Essas são as principais pautas de luta das mulheres indígenas no RN também. Zuleide afirma que “nós lutamos, prioritariamente, pela saúde indígena e por escolas indígenas nas comunidades, também por respeito para nós mulheres, respeito e incentivo ao protagonismo das mulheres indígenas”. A coordenadora de mulheres afirma que as indígenas são vistas de maneira muito negativa, com muito preconceito. “Nós somos invisibilizadas pelos governos o tempo todo, somos ignoradas”, declara.
Sobre os motivos que as levam à marchar, a resposta de Zuleide é clara: “as mulheres indígenas vivem o retrocesso, a invisibilidade. Esse Governo Federal vem nos matando dia após dia, tentando enfraquecer nosso movimento, mas estamos sempre na luta, na resistência”.
As indígenas tentam se articular com o Governo do Estado, parlamentares e movimentos sociais para conseguir o transporte. Segundo Zuleide, “há esperança! Nós somos brasileiras e não desistimos, né? A gente tem até o último dia para ir tentando. Mas é difícil quando se demora para ter respostas, porque precisamos nos organizar enquanto comunidade”.
Edição: Marcos Barbosa