Impedir as lutas e perseguir lideranças é a prioridade de quem controla o país
Somos muitos, espalhados pelos cantos das grandes cidades de todo o país, ocupando os vazios e denunciando a especulação.
As autoridades temem o povo quando ele se junta e levanta a cabeça e luta pelos seus direitos. Daí a necessidade de uma nova cultura política, que não virá de cima para baixo.
Na última década, o centro de são Paulo viveu um grande processo de reocupação popular, que possibilitou à população mais pobre morar perto do trabalho.
Com os governos populares, tivemos mais acesso às políticas públicas. De certa forma, aconteceu em todo o território brasileiro em formatos diferentes.
Agora, o que vem são os cortes, as ameaças, as prisões e os despejos.
Só para o Programa Minha Casa Minha Vida, o corte neste ano foi de 90,64%; enquanto na cidade de São Paulo as lideranças do povo são acusadas e perseguidas.
Quatro lideranças populares presas por mais 40 dias e outras tantas perseguidas, um verdadeiro absurdo.
Impedir as lutas perseguindo as lideranças é, com certeza, a prioridade na agenda dos que hoje controlam o nosso país.
Vivemos um momento muito difícil. Precisamos voltar a acreditar e a entender o que significa a organização popular. As conquistas e as melhorias na vida da classe trabalhadora só serão possíveis quanto mais coletivas e organizadas.
O significado da reforma da Previdência é cruel para nossas famílias, que geralmente têm um aposentado, um que faz bico e outro desempregado.
Para quem vive do trabalho terceirizado ou mesmo com carteira assinada, no comércio e serviços, os próximos anos serão muito difíceis.
Então é necessária, sim, a reorganização da classe trabalhadora.
A chegada de “um super-homem que faça mudanças imediatas”, como diz a letra do cantor Edson Gomes, não vai acontecer. O que temos são supermulheres fortes lutadoras e super-homens fortes lutadores que juntos podem recomeçar a mudar esse país.
A massa de trabalhadores urbanos é tão importante e complexa que precisa de pessoas ideologicamente compromissadas para organizá-la, pois não haverá grandes mudanças no curto prazo. As melhorias que tivemos com as políticas dos governos Lula e Dilma estão hoje nas mãos de Deus, ou melhor, ao “Deus-dará”.
Como afirma a professora e urbanista Ermínia Maricato, as cidades são tema do dia a dia de 84% da população brasileira. Contudo, geralmente, quando se olha para nós a notícia é a violência ou o desastre estrutural. O prédio caiu, o menino roubou, a mulher abortou! E a culpa recai sobre nós outra vez.
Mas também, como disse o presidente Lula, na verdade “o povo é a solução”. E é no povo que devemos nos apoiar para resolver os problemas históricos da sociedade brasileira.
Construir um Projeto Urbano Popular é urgente para avançarmos nesse sentido. O que deve orientar esse caminho é a luta por direitos.
Viva as Pretas pelo Brasil!
Edição: João Paulo Soares